Violência, um tema que os políticos precisam discutir com os eleitores
- Os gráficos ainda são azuis, considerando o morticínio em igual período dos últimos dois anos em Manaus. Mas o que surpreende é a participação do interior nessa guerra que envolve drogas, assaltos, ciúmes, sexo, inveja.
- É hora também de discutir uma repartição mais justa do bolo tributário. E isso precisa começar agora na eleição municipal. Pode não resultar em nada, mas ficará a semente que vai germinar na eleição de 2026, quando um novo presidente será eleito e o Congresso Nacional renovado.
Não é à toa que as pessoas andam apreensivas. A cidade de Manaus é uma das mais violentas do mundo, com a 21a colocação, só sendo suplantada por Porto Príncipe, no Haiti, que ocupa o 20o lugar. E há razão para esse ranking vergonhoso. De janeiro a março deste ano foram assassinadas 300 pessoas em todo o Estado, a maioria na capital, que registrou 179 mortes. O mês mais violento foi março, com 69 crimes.
No ano passado, o número de homicídios somou 1.407, com 448 no interior do Estado. É um número alto, comparável a uma guerra. Mas por que voltar a um tema tão batido? Por que se aproxima uma eleição municipal e o eleitor, mais do que nunca, precisa entender as razões pelas quais seus representantes não apontam saídas e driblam temas importantes para mirar em ataques pessoais a adversários.
É hora de discutir porque os recursos destinados a Manaus são ínfimos, sendo parte substancial da receita drenada para os cofres do governo do Estado. E se não é hora de uma mudança na distribuição dos tributos arrecadados , envolvendo outras instâncias de poder, como a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Isso vale para todo o País.
Os recursos devem estar onde estão as pessoas ou a maioria delas. E o município é a casa do cidadão. Quando ele elege um prefeito, um vereador, ele cobra contrapartidas, que no final das contas não podem ser atendidas.
ASSUNTOS: eleição 2024~, Manaus, violência
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.