As vítimas são os pobres, explorados pela classe política
- Os sucessivos governos surfaram na arrecadação de impostos, investiram em circo - obras milionárias - estádios, ponte - enquanto o futuro conspirava contra o Amazonas. Nunca imaginaram a situação atual - de confronto com uma nova realidade, para a qual não estavam preparados…
Ainda repercute a fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobre o protagonismo das regiões Sul e Sudeste. Zema teve o mérito de pisar nos calos de políticos demagogos, que fazem da pobreza do Norte e Nordeste ativo eleitoral - como já dissemos ontem neste espaço.
Além de admitirem a existência de miséria crônica em seus estados, se vitimizam, alardeando uma desigualdade que eles criaram e alimentam ao olharem para seus interesses e não os da população.
A esse lamento se junta a nova geração de políticos, da qual se esperava espírito público e ideias inovadoras para contrapor-se aos desafios que virão após a reforma tributária. O resto é chorar no molhado.
Não dá para assistir passivamente esse NHENHENHÉM. Essa gente tem que trabalhar, articular e chorar menos pelo espaço que fatalmente será perdido.
O fortalecimento de um consórcio de Estados do Sul e Sudeste para a defesa de interesses regionais em nada difere do consórcio Norte-Nordeste. Portanto, é incômodo, mas legítimo o pleito de Zema, de uma maior representatividade no Conselho Federativo, criado no bojo da reforma tributária. Incômodo porque revela a dificuldade que Estados do Norte-Nordeste encontrarão para ver aprovados seus pleitos.
Há um atraso histórico em políticas de desenvolvimento, especialmente no Amazonas, apesar das oportunidades oferecidas a partir da implantação da Zona Franca de Manaus.
Os sucessivos governos surfaram na arrecadação de impostos, investiram em circo - obras milionárias - estádio, pontes, grandes eventos, enquanto o futuro conspirava contra o Estado. Nunca imaginaram a situação atual - de confronto com uma nova realidade para a qual não estavam preparados.
A impressão que fica é que esses políticos - que nunca tiveram a inteligência de inovar - vivem em um mundo paralelo. Demoraram a perceber que a Zona Franca de Manaus agora tem data para terminar. A miséria, que hoje dá voto - porque esse povo pobre vive de promessas não cumpridas - amanhã os miseráveis, que se multiplicarão por dez com o fim do único modelo de desenvolvimento, poderão estar nas ruas apontando o dedo para eles e clamando por pão e justiça.
ASSUNTOS: Amazonas, Consócio Sul-Sudeste, reforma tributária, Romeu Zema, ZFM
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.