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As vítimas são os pobres, explorados pela classe política


Por Raimundo de Holanda

07/08/2023 20h25 — em
Bastidores da Política


  • Os sucessivos governos surfaram na arrecadação de impostos, investiram em circo - obras milionárias - estádios, ponte - enquanto o futuro conspirava contra o Amazonas. Nunca imaginaram a situação atual - de confronto com uma nova realidade, para a qual não estavam preparados…

Ainda repercute a fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobre o protagonismo das regiões Sul e Sudeste. Zema teve o mérito de pisar nos calos de políticos demagogos, que fazem da pobreza do Norte e Nordeste  ativo eleitoral - como já dissemos ontem neste espaço. 

Além de admitirem a existência de miséria crônica em seus estados, se vitimizam, alardeando uma desigualdade que eles criaram e alimentam ao olharem para seus interesses e não os da população.

A esse lamento se junta a nova geração de políticos, da qual se esperava espírito público e ideias inovadoras para contrapor-se aos desafios     que virão após a reforma tributária. O resto é chorar no molhado. 

Não dá para assistir passivamente esse NHENHENHÉM. Essa gente tem que trabalhar, articular e chorar menos pelo espaço  que fatalmente será perdido.

O fortalecimento de um  consórcio de Estados do Sul e Sudeste  para a defesa de  interesses regionais em nada difere do consórcio Norte-Nordeste. Portanto, é incômodo, mas legítimo o pleito de Zema, de uma maior representatividade no Conselho Federativo, criado no bojo da reforma tributária. Incômodo porque revela  a dificuldade que Estados do Norte-Nordeste encontrarão para ver aprovados  seus pleitos.

Há um atraso histórico em políticas de desenvolvimento, especialmente no Amazonas, apesar das oportunidades oferecidas a partir da implantação da Zona Franca de Manaus. 

Os sucessivos governos  surfaram na arrecadação de impostos, investiram em circo - obras milionárias - estádio, pontes, grandes eventos, enquanto o futuro conspirava contra o Estado. Nunca imaginaram a situação atual -  de confronto com uma nova realidade para a qual não estavam preparados.

A impressão que fica é que esses políticos - que nunca tiveram a inteligência de inovar - vivem em um mundo paralelo. Demoraram a  perceber que a Zona Franca de Manaus  agora tem data para terminar. A  miséria, que hoje dá voto - porque esse povo pobre vive de promessas não cumpridas - amanhã os miseráveis, que se multiplicarão por dez com o fim do único modelo de desenvolvimento,  poderão  estar nas ruas apontando o dedo para eles e clamando por pão e justiça.

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ASSUNTOS: Amazonas, Consócio Sul-Sudeste, reforma tributária, Romeu Zema, ZFM

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.