Viva Pipokinha. Viva o funk. Viva a liberdade!
Depois da polêmica envolvendo a MC Pipokinha em razão do sexo explícito realizado em palco durante um de seus shows e o cancelamento de contratos já firmados para sua apresentação em outros Estados, me vem uma pergunta simples: os fãs da cantora não sabiam o que ela faz e diz durante suas apresentações? O funk é uma mistura de ritmos, pende muito para o lado sensual, explícito e agressivo do ponto de vista da exposição de melodia e corpos. A emoção cede lugar à sensualidade, ao prazer, ao suor, a ruptura de paradigmas. E não é para qualquer idade os shows da cantora.
Não é à toa que ela se autodenomina a “princesa da putaria”. Tem seu público, que deseja sair das quatro paredes e expor seus mais íntimos segredos: “Bota, bota o bigode na minha xota/ Bota, bota, bota o bigode na minha xota/ De 4 que entra tudo, dá um tesão do caralho”. Não é o que se pode chamar de um “verso”. É putaria mesmo - mas ajuda a entender como os corpos querem quebrar as paredes e ser expostos. E como o desejo, a sexualidade latente no ser humano busca uma forma de libertação. É para todo mundo ver? Exibicionismo à parte, mas muitos acham que sim. Ou Pipokinha não teria tantos fãs.
Em outra de suas “canções” de sucesso, ela diz: "Quando eu morrer/ Eu quero ser enterrada de quatro/ Porque assim/A terra vai me comer do jeitinho que eu gosto”.
Pode-se afirmar que todas as suas “melodias”são repetitivas, como o, "Eu sou a MC Pipokinha/ Eu sou safada e eu tenho um piercing na xereca”. É natural que quando ela canta exponha esse lado sexual que deve mexer com seus fãs e provocar neles desejos incontidos que explodem, revelando segredos que pareciam bem guardados.
Rejeitar a cantora pela cena de sexo em palco, para um público adulto, é admitir que filmes pornôs não devem ser exibidos na tv paga ou nos cinemas. Afinal, Pipokinha faz shows para maiores de 18 anos.
Censurá-la é um gesto hipócrita de quem não tem o que fazer. Ou faz muito entre quatro paredes, em casa ou nos motéis da vida. Pior, depois veste uma máscara de "homem família" ou "mulher família", reprimindo desejos e acumulando segredos.
Acusam-na de zoofilia - sexo com animais - mais isso não se viu em seus shows. Quanto à crítica a uma professora, é bom ver com cuidado o que ela diz. Diz em parte muita verdade: professor é mal pago, é humilhado. Tem de estudar muito e ainda aturar a falta de gentileza dos filhos dos outros. Tem razão ou não tem?
Viva Pipokinha, Viva o funk, viva a liberdade!
ASSUNTOS: MC Pipokinha
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.