Doze anos depois de uma acusação sobre envolvimento com duas adolescentes, a justiça reconheceu que não havia provas de crime e inocentou o empresário Waldery Areosa. A decisão, ainda que tardia, corrige uma injustiça, mas apenas ameniza o sofrimento de uma família exposta a um longo e penoso cancelamento. 

O caso, por sua vez,  expõe as inconsistências de um inquérito policial eivado de vícios. 

A Polícia ouviu apenas a parte supostamente violada em seus direitos, e o Judiciário, sempre lento,  ignorou ou deliberadamente quis infligir uma penalidade ao empresário, mesmo depois de as vítimas serem ouvidas em juízo e afirmarem que o Waldery com o qual haviam feito sexo era jovem e possuía tatuagem.

Seria o bastante para desconsiderar a versão dada durante o inquérito policial  francamente parcial.

Finalmente um olhar atento da juíza Dinah Câmara Fernandes, da 1a Vara  Especializada em Crimes Contra a Dignidade Sexual e Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes, que identificou o óbvio: "as provas produzidas na fase investigatória não se sustentam em sede judicial".

Waldery constava na capa de um processo escandaloso.  Não importava  para o órgão acusador e para a polícia se não era a figura que as mulheres acusavam, confundido com um homônimo, mas importava que tinha nome, posição social e isso conferia ao caso uma grande repercussão. Ser punido por ter sucesso é terrivelmente cruel.

Finalmente, uma sentença. E a justiça restabelecida