Delegado diz que suástica nazista marcada em jovem por apoiadores de Bolsonaro 'é símbolo budista'
O caso que aconteceu na última segunda-feira (8) em Porto Alegre (RS), da jovem de 19 anos que foi agredida a socos e marcada a canivete com uma suástica por apoiadores do candidato à presidência Jair Bolsonaro, está sendo tratado pelo delegado responsável como "homofobia".
Ele alegou ainda que acredita que se trate de um símbolo "religioso budista" a suástica (conhecida mundialmente como o símbolo do nazismo), e marcada à faca na barriga da jovem, em represália por usar uma camisa com os dizeres "#EleNão".
O delegado Paulo Jardim, da 1ª DP de Porto Alegre, afirmou: "Eu disse é um símbolo religioso, universal, budista, é viagem isso aí (dizer que é suástica). Pode afirmar que não é suástica. Entra no Google. Vai ver que é símbolo (budista)".
Em entrevista à BBC News, o delegado repetiu os dizeres: "Eu fui olhar o desenho que fizeram na barriga dela. "É um símbolo budista, de harmonia, de amor, de paz e de fraternidade. Se tu fores pesquisar no Google, tu vai ver que existe um símbolo budista ali. Essa é a informação". O delegado disse que os suspeitos ainda não foram identificados.
Ao ser questionado pela BBC o porque de alguém cortar a pele de outra pessoa à força com um canivete, após agredi-la a socos, para desenhar um símbolo de paz e amor, Paulo Jardim ainda ironizou. "Aí, eu teria de perguntar para esse alguém. Eu seria adivinho e eu não sei adivinhar."
Questionado pela BBC Brasil, o historiador e jornalista Marcos Guterman, autor do livro Nazistas entre Nós, deu sua opinião sobre a afirmação do delegado: Ele afirmou que a suástica tem origens complexas e foi usada por religiões antes do nazismo, mas descarta a possibilidade de ter sido esse significado que os agressores deram ao desenho: "Neste caso claramente não se trata disso. A agressão é diretamente relacionada com o nazismo. Não precisa ser policial para saber", afirmou Guterman.
A vítima, que não quis se identificar por medo de mais represálias, relatou que estava descendo do ônibus na rua Baronesa de Gravataí, usando uma camisa "#EleNão", quando foi abordada por três homens que a questionaram sobre o uso da camiseta. O grupo passou a agredir a moça com socos e em seguida, puxou um canivete para riscar sua pele com o símbolo nazista,
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