Em depoimento, Braga Netto diz que não ouviu Bolsonaro mencionar troca de superintendente da PF
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em depoimento à Polícia Federal, o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, afirmou que não ouviu o presidente Jair Bolsonaro mencionar a possível troca do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro.
Braga Netto é um dos três ministros ouvidos nesta terça-feira (12) no inquérito que apura uma suposta interferência do presidente na Polícia Federal. Além dele, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Insitucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) estão na lista.
Braga Netto afirmou que não se comprometeu com o ex-ministro da Justiça Sergio Moro a falar com Bolsonaro para demovê-lo da ideia de trocar o diretor-geral da PF.
Ele disse que, após a reunião com Bolsonaro, na manhã do dia 23 de abril, Moro informou a eles que "não concordava com a interferência específica" na PF e teria uma "biografia a manter".
"Que para acalmar o ministro, o depoente e os demais ministros disseram 'vamos conversar'", diz trecho do depoimento
Em depoimento, Moro afirmou que no dia 23, logo após avisar Bolsonaro que sairia do cargo caso ele mudasse o comando da PF, ele se reuniu com o ministro da Casa Civil, Ramos e Heleno.
Moro disse à PF que informou então "os motivos pelos quais não podia aceitar a substituição e também declarou que sairia do governo e seria obrigado a falar a verdade ". Ele afirmou ainda que os ministros ficaram de conversar com Bolsonaro.
Segundo o ministro da Casa Civil, "não houve o compromisso de demover" Bolsonaro da intenção de mexer no comando da polícia.
Braga Netto disse ainda que não chegou a conversar com o presidente e que não teve uma iniciativa de buscar uma "solução intermediária" para o impasse em torno da direção-geral da PF.
O depoimento é considerado um dos principais elementos do inquérito relatado pelo ministro Celso de Mello, no STF, que pode levar à apresentação de denúncia contra o ex-ministro da Justiça ou contra o presidente Jair Bolsonaro.
À PF, o ministro corroborou a versão de Bolsonaro para a reunião. Disse que, ao mencionar a troca da “segurança no Rio de Janeiro”, no seu entender, o presidente tratava de sua segurança pessoal naquele estado, a cargo do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e não à PF.
Questionado sobre eventuais investigações que incomodavam o presidente, Braga Neto disse se recordar apenas que ele se queixava de não terem sido esclarecidas as circunstâncias do depoimento de um porteiro de seu condomínio, no Rio de Janeiro, envolvendo seu nome no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O porteiro admitiu depois que errou ao falar de Bolsonaro.
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