'Time' abre votação para 'Personalidade do Ano' com Trump, Meghan, Bolsonaro e outros
NOVA YORK — A revista americana "Time", que elege desde 1927 a "Personalidade do Ano", abriu votação para identificar, na visão dos leitores, o indivíduo - ou o grupo de indivíduos - que mais influenciaram os fatos de 2018. "Para melhor ou para pior", lembra a publicação. A escolha final é divulgada em dezembro e parte dos editores do veículo de imprensa, que analisam antes a opinião pública a respeito de alguns candidatos. Este ano, no texto de lançamento da pesquisa popular, a revista destacou "líderes políticos, diretores iconoclastas e uma americana que entrou para a família real britânica", em referência a Meghan Markle, ora casada com o príncipe Harry.
No ano passado, a publicação escolheu como "Pessoa do Ano" um grupo de mulheres que mobilizaram e encorajaram outras a revelarem suas histórias de assédio e abuso sexual, na esteira das denúncias contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein. Em 2016, capa crítica da revista apontou a influência do recém-eleito presidente americano Donald Trump, por "lembrar aos EUA que a demagogia se alimenta do desespero" e por "emoldurar a cultura política de amanhã ao demolir a de ontem".
O texto de apresentação da pesquisa popular descreve como Christine Blasey Ford "cativou uma nação" com o testemunho no Senado durante o processo de confirmação de Brett Kavanaugh para a Suprema Corte. Indicado por Trump, ele chegou ao cargo mesmo criticado por alegações de agressão sexual, que ele nega. A revista ainda cita a líder da minoria na Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, por ter conduzido a vitória do partido na Casa nas eleições legislativas do ano, e a candidata ao governo da Geórgia Stacey Abrams, que foi derrotado, mas chamou a atenção ao alertar para controversas barreiras ao direito de voto de americanos.
No campo da cultura, um dos destaques é Jon Chu, diretor do filme "Podres de Ricos", que obteve a maior bilheteria entre comédias românticas em dez anos. O elenco do longa é composto apenas por asiáticos. Ryan Coogler também está na lista pela direção de "Pantera Negra", sucesso de público e divisor de águas em Hollywood na representação de um super-herói negro "multifacetado".
Bezos, Kim, BTS, Kaepernick na lista
O CEO da Amazon, Jeff Bezos, foi lembrado por se tornar o homem mais rico da História moderna - um recorde "que também acende o holofote sobre a disparidade econômica nos Estados Unidos", segundo a "Time". A duquesa de Sussex, Meghan Markle, integra a pesquisa por "desafiar convenções" ao se casar com o príncipe Harry e levar suas raízes afroamericanas para a cerimônia tradicional da realeza.
Entre os líderes internacionais, figuram na lista preliminar o chinês Xi Jinping, o sul-coreano Moon Jae-in, a alemã Angela Merkel, o norte-coreano Kim Jong-un, o canadense Justin Trudeau, o francês Emmanuel Macron, o saudita Mohammed Bin Salman, o Papa Francisco, o turco Recep Erdogan, o russo Vladimir Putin e o brasileiro Jair Bolsonaro — eleito em outubro deste ano em disputa polarizada e sob os olhos do mundo.
Moon Jae-in e Kim Jong-un restabeleceram laços de paz entre as Coreias em 2018 depois de anos de tensão na península. Mohammed Bin Salman, conhecido como MBS, esteve no centro das discussões internacionais ao ser apontado como mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, no consulado saudita em Istambul.
Também foram lembrados na lista os mergulhadores que salvaram os "meninos da caverna" — integrantes de um time de futebol que emocionaram o mundo ao serem resgatados após 17 dias — e as crianças que crescem sem documentos pelo drama da "infância de incerteza".
Outros destaques são a inusitada participação do Planeta Terra na votação; da boyband de k-pop BTS, a primeira do estilo a chegar ao topo da parada da Billboard; e o jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que simboliza um movimento no esporte contra a violência racial nos EUA.
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