O clássico entre Botafogo e Vasco manteve a média de emoção e gols dos últimos dois encontros anteriores pelo Carioca. O equilíbrio foi a tônica da primeira partida da final do Estadual, um confronto aberto, mas, assim como fizera o Vasco na semifinal contra o Fluminense, um gol nos acréscimos garantiu ao cruz-maltino a vantagem na decisão. O placar no Nilton Santos, como nos três encontros anteriores, foi 3 a 2. Pela segunda vez em três encontros, pró-Vasco.

O herói da vez foi Andrés Ríos, que marcou aos 48 minutos do segundo tempo. Com isso, o Vasco tem a vantagem do empate no jogo de volta, no próximo domingo, no Maracanã.

COMEÇO COM FALHA

Enfrentando-se pela terceira vez em duas semanas, até então com uma vitória para cada lado, Botafogo e Vasco já se conhecem bem. Tanto Zé Ricardo quanto Alberto Valentim já fazem uma leitura rápida assim que o oponente mexe uma das peças no tabuleiro de xadrez do clássico. Só que nenhum dos dois - para o bem ou para o mal - poderia imaginar uma falha absurda do zagueiro Paulão logo aos três minutos de jogo. Estabanado, o zagueiro se complicou no domínio na entrada da área e acabou tendo o passe bloqueado pelo esperto Renatinho. Paulão escolheu a pior das alternativas naquela situação, e abrir o placar para o Botafogo, portanto, foi uma missão fácil.

O Vasco demorou a colocar a cabeça no lugar depois da pixotada. O Botafogo, por outro lado, tinha tranquilidade e espaço necessários para fazer a bola girar, evitando sustos. A parada técnica foi fundamental para a retomada cruz-maltina no jogo. O time passou a reduzir os espaços, especialmente na saída de bola de Rodrigo Lindoso, e o jogo começou a encaixar lá na frente.

Eis que Yago Pikachu apareceu todo elétrico para, em um espaço de dois minutos, virar o placar. Primeiro, o lateral - mais uma vez escalado como meia - teve uma precisão ímpar para, de primeira, chapar a bola no canto de Gatito. Um belo gol. Logo em seguida, mérito total de Riascos na investida pela ponta esquerda. O atacante deixou Marcinho na saudade e cruzou para Pikachu escorar em meio a zagueiros e goleiro do Botafogo.

Mas como Botafogo x Vasco se trata de emoção, ainda tinha história a ser contada no primeiro tempo. O mesmo Marcinho, que fora driblado na virada vascaína e já tinha ouvido vaias, deu um tapa na direita para o cruzamento de Luiz Fernando, que, por sua vez, colocou a bola na cabeça de Brenner: 2 a 2.

O lá e cá continuou, em menor intensidade, no segundo tempo. Mas isso se deve mais à parte física - já que é difícil manter ritmo tão alto - do que à mentalidade de ambos os times.

As chances de gol ficaram mais escassas no segundo tempo, mas ninguém estava interessado em empatar. Se por um lado o Botafogo (que apostou muito nas bolas altas) chegou a ter um gol bem anulado quando Kieza balançou a rede, após desvio de cabeça de Carli, o Vasco teve nos pés duas ótimas chances, criadas pelo lado direito, de deixar o Nilton Santos em vantagem. Em uma delas Marcinho tirou a bola quase em cima da linha. Na outra, Gatito cresceu para cima de Paulinho às portas da pequena área.

Mas o Vasco não jogou a toalha e insistiu. O apelido de "time da virada" mais uma vez ficou sob medida para a equipe. Andrés Ríos, com um voleio, assegurou a vitória vascaína no primeiro dos dois jogos da decisão. O argentino estava no lugar certo e nem precisou pegar tão em cheio assim na bola: 3 a 2 para o Vasco. Um resultado que dá moral e valoriza a manutenção do esforço até o minuto final, mesmo que o começo seja com uma trabalhada, como a de Paulão.