Comandante do Exército ameaçou prender Bolsonaro por plano golpista, diz PF
O general Marco Antônio Freire Gomes ameaçou prender o então presidente Jair Bolsonaro caso ele insistisse no plano de golpe, apontou o relatório da Polícia Federal sobre a tentativa de um golpe em 2022, que incluia o assassinato de Lula, então presidente eleito, Alckmin, e Alexandre de Moraes. Segundo a PF, o plano não teve andamento porque encontrou resistência de alguns dos comandantes militares, que não aceitaram apoiar o plano.
A primeira minuta foi apresentada por Bolsonaro aos comandantes do Exército, Marinha e Defesa em 7 de dezembro de 2022 e em depoimento à PF, o comandante do Exército, general Freire Gomes disse que afirmou que não iria dar suporte armado ao plano e ameaçou prender Bolsonaro se o ex-presidente tentasse consumar o golpe.
O comandante da FAB, Baptista Jr. teria dito a Bolsonaro que "tais institutos não serviriam para manter o então Presidente da República no poder após 1º de janeiro de 2023", o que assustado Bolsonaro.
Mas depois de uma semana, o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio de Oliveira, convocou os comandantes para uma nova reunião, voltando a apresentar o plano de golpe. O comandante da FAB afirmou em depoimento à PF que após a apresentação perguntou ao ministro: “Esse documento prevê a não assunção do cargo pelo novo presidente eleito?”, ao passo que Oliveira ficou em silêncio.
Segundo os documentos, em seguida, Baptista Jr. disse "que não admitiria sequer receber o documento e que a Aeronáutica não admitiria um golpe de Estado.", e saiu da sala.
Pressão - Após a negativa, a pressão contra os comandantes contrários ao golpe incluiu tentativas de desmoralização nas redes sociais e o rótulo de "melancias", em referência ao verde da farda e ao vermelho do comunismo. Conforme o relatório, os ataques virtuais foram coordenados por Paulo Figueiredo Filho, empresário e neto do ex-presidente João Figueiredo, do período da ditadura militar.
Conforme os documentos, Figueiredo Filho divulgou em um programa de TV a chamada "Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro", que buscava incitar os comandantes a interferir no processo democrático. Mesmo assim, os líderes militares mantiveram sua posição, impedindo a escalada de uma crise institucional e a ruptura do processo democrático.
Militares que se opuseram ao plano de golpe - Além do comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e do comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Jr., segundo a PF, outros militares rejeitaram o plano golpista, são eles:
- Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, do Comando Militar Sudeste;
- Richard Nunes, do Comando Militar do Nordeste;
- André Luís Novaes de Miranda, ex-general do Comando Militar do Leste;
- Guido Amin Naves, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia da Força Terrestre;
- Valério Stumpf, comandante do Estado-Maior do Exército.
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