"Como será o Brasil quando eu não for mais presidente?", indaga Lula

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (22) que Brasil e Chile precisam fortalecer suas instituições para garantir a estabilidade democrática, independentemente de quem esteja no poder. A declaração foi dada durante reunião no Palácio do Planalto com o presidente chileno, Gabriel Boric. Lula questionou como será o futuro dos dois países caso governos de extrema direita assumam o comando.
"A geopolítica do mundo não é feita de ocasiões, ela tem que ser perene. E nós precisamos construir com instituições que deem segurança ao exercício da democracia, independentemente de quem seja o presidente da República. Como será o Brasil quando eu não for mais presidente, se entrar a extrema-direita aqui? Como será o Chile se entrar uma extrema-direita no Chile?", declarou.

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Durante o encontro, Lula também defendeu o multilateralismo e criticou a formação de novos blocos rivais, como uma "guerra fria" entre Estados Unidos e China. O petista destacou que deseja manter relações comerciais abertas com todos os países. Boric reforçou o discurso ao afirmar que o fortalecimento da democracia e a liberdade comercial são essenciais para enfrentar crises globais.
"Você não quer guerra fria e eu não quero guerra fria. Eu não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China. Eu quero ter relações com o Estados Unidos, quero ter relações com a China. Eu não quero ter preferência sobre um ou sobre outro [...]. Eu quero negociar com todo o mundo. Eu quero vender e comprar, vender e comprar, vender e comprar, fazer parceria", afirmou Lula.
Os dois presidentes assinaram acordos de cooperação nas áreas de segurança pública, audiovisual, intercâmbio militar e desenvolvimento de inteligência artificial. A reunião também celebrou o Dia da Amizade Brasil-Chile, comemorado em 22 de abril, data que marca o início das relações diplomáticas entre os países, em 1836.
Apesar da proximidade ideológica, Lula e Boric têm divergências em questões internacionais. Enquanto o brasileiro adota um discurso mais conciliador sobre a crise na Venezuela e o conflito na Ucrânia, o presidente chileno tem criticado abertamente violações de direitos humanos e cobrado uma postura mais dura contra a Rússia.

ASSUNTOS: Brasil