Deputado diz que entregou a Bolsonaro provas de irregularidades na compra da Covaxin
O deputado Luis Miranda (DEM-DF), revelou nesta quarta-feira (23), que o presidente Jair Bolsonaro sabia e recebeu provas das mãos dele de que havia uma série de irregularidades no contrato do Ministério da Saúde com a farmacêutica Precisa Medicamentos, na compra da vacina indiana Covaxin.
Miranda disse ainda que seu irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, que é servidor concursado do Ministério da Saúde foi quem descobriu sobre o caso depois de se recusar a assinar um documento que antecipava o pagamento de lotes da vacina que estavam próximos do vencimento.
A partir daí, ele descobriu diversas outras irregularidades: “A gente não faz parte de licitação. Somos da área de execução, a ponta para que a vacina chegue ao país. É passado o contrato para a nossa área para a execução. O que a gente faz é verificar o que diz o contrato e a documentação que a empresa apresentou para a gente seguir o contrato. Nesses levantamentos que a gente fez, sobre a questão de pagamento, a quantidade de doses, a questão da empresa que estava divergente, a gente verificou essas inconsistências”, explicou o servidor que é da área de Logística do Ministério da Saúde.
Ele procurou o deputado e pediu que o mesmo o ajudasse a entregar uma série de provas (fotos, mensagens) ao presidente, já que não confiava em mais ninguém. O deputado intermediou e participou do encontro dos dois. Assim que recebeu o material, Bolsonaro se comprometeu a levar o caso a Polícia Federal, mas isso nunca aconteceu.
“Eu apresentei toda a documentação, o contrato que foi assinado, as pressões que estavam acontecendo internamente no ministério, e a gente levou até a casa do presidente (no Palácio da Alvorada). Conversamos com ele, mostramos todas as documentações, as pressões, e ele ficou de, após a reunião, falar com o chefe da Polícia Federal para investigar”, contou o servidor ao jornal O Globo.
Luis Ricardo conta ainda que se tivesse assinado o documento, a farmacêutica indiana teria recebido cerca de R$ 225 milhões antecipados, o que é ilegal. Além disso, as doses que constavam no documento estavam bem abaixo do que previa o contrato inicial.
Apesar de ter várias provas nas mãos, o presidente não fez nada a respeito e passou a não atender mais o deputado Luis Miranda. Os irmãos devem depor na CPI da Covid nos próximos dias.
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