Haddad diz que 'se sente desafiado', agradece a Lula e faz sinais ao centro
SÃO PAULO- Depois de um dia inteiro de tensão até garantir a vaga no segundo turno das eleições, ao discursar para militantes em São Paulo, o candidato do PT à Presidência da República,Fernando Haddad , fez sinais a adversários de centro e de esquerda e, ao mesmo tempo, agradeceu o ex-presidente Lula, que o colocou na disputa. Ele disse ainda disse que não abrirá mãos de seus valores.
- Quero agradecer ao Partido dos Trabalhadores e a sua maior liderança, o presidente Lula - disse Haddad, no rápido discurso em um hotel de São Paulo, ao lado da mulher, Ana Estela, da candidata vice, Manuela D´Ávila e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Haddad acrescentou que se sente "desafiado" pelo que terá que enfrentar no segundo turno e falou que é necessário senso de responsabilidade.
- Nós precisamos aproveitar a oportunidade com muito senso de responsabilidade. O segundo turno nos abre uma oportunidade de ouro para discutir frente a frente, sem medo de ser feliz", afirmou, em um hotel da capital, acompanhado da vice, Manuela D´Ávila, e de apoiadores."Sempre estive do lado da liberdade, da democracia, não vou abrir mão dos meus valores", completou.
Haddad disse que muita coisa está em jogo nesta eleição, incluindo o pacto da Constituinte de 88, e que vai começar a campanha nesta segunda-feira.
- Nós não portamos armas - disse o candidato, que disse apostar na força dos argumentos e que quer "unir os democratas do Brasil".
- Queremos unir os democratas do Brasil, nós queremos unir as pessoas que têm atenção aos mais pobres desse país tão desigual - disse o petista, acrescentando que é preciso um projeto amplo para o Brasil e que busque justiça social.
Antes mesmo do resultado, Haddad já fizera acenos ao centro. Ao votar, pela manhã, ele já falou em ampliar a sua aliança "independentemente de partidos políticos".
- Temos que abrir muito coração para acolher todo mundo. E falar diretamente aos pobres - afirmou o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos coordenadores da campanha.
'Olho no olho' com o eleitor
Haddad disse que o segundo turno é uma oportunidade de ouro para discutir "olho no olho" com o eleitor e que pretende enfrentar respeitosamente o debate.
- Vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento. Nós não portamos armas, nós vamos com a força do argumento para defender o Brasil e o seu povo, sobretudo o povo mais sofrido desse país, que espera responsabilidade social de todos nós.
No pronunciamento, Haddad disse que após a confirmação de que estaria no segundo turno, ligou para Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) e recebeu um telefonema de Marina Silva (Rede).
O candidato do PT visita nesta segunda-feira o ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba. Esta será a 15ª visita de Haddad ao ex-presidente, a quinta como candidato.
De acordo com Haddad, a eleição atual é "incomum" porque tem muitas coisas "em jogo e risco".
- Eu diria que o próprio pacto da constituinte de 1988 está hoje em jogo em função das ameaças que sofre quase diariamente. Nós queremos enfrentar esse debate muito respeitosamente. Nós vamos para o campo democrático com uma única arma: o argumento. Nós não portamos armas.
A passagem ao segundo turno foi comemorada como uma vitória em Copa do Mundo pelos petistas que acompanhavam a apuração de votos junto com o candidato em um hotel da Zona Sul de São Paulo. Haddad chegou ao local às 18h15min com a mulher, Ana Estela, e tinha um semblante preocupado. Às 19h, quando foi anunciado o resultado da boca de urna, houve uma primeira comemoração. A agonia só seria encerrada às 20h30min. De acordo com aliados, Haddad era um dos mais calmos durante a apuração. Mas quando houve a confirmação do resultado comemorou com muito entusiasmo.
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