Homem entrou em prédio para salvar moradores antes de ser engolido no desabamento
O homem que está desaparecido após o incêndio e desabamento do prédio no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo, já tinha saído do local e voltou ao edifício quando o fogo já tinha começado para ajudar no salvamento de outras pessoas, segundo relato de moradores. Ele desapareceu quando era resgatado por um bombeiro. Imagens de televisão mostram que ele caiu no mesmo momento em que o prédio desabou. O homem foi identificado como Ricardo e trabalharia como carregador na área da 25 de março.
Veja o momento em que o prédio desaba minutos antes do homem ser resgatado
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, ao menos 120 famílias viviam irregularmente no imóvel que desabou. A Prefeitura estima que, desse total, 25% eram de famílias estrangeiras. O Município realizou um cadastro para identificar a quantidade de famílias, o grau de vulnerabilidade social e a necessidade de encaminhamento das famílias à rede socioassistencial da Prefeitura de São Paulo.
A peruana Gredy Canaquiri Yume, de 50 anos, morava no local há dois anos, junto do filho de 19 anos. Ela não estava no local no momento do incêndio. "Os anjos nos ajudaram", comenta.
Na madrugada desta quarta-feira, 1, o Edifício Paes de Almeida desabou no Largo do Paissandu, na região do Centro de São Paulo. O prédio de 24 andares não aguentou as consequências do incêndio que começou no 5º andar, que ainda não teve sua causa confirmada. O projetado em 1961 pelo arquiteto Roger Zmekhol chegou a abrigar a sede do INSS e da Polícia Federal, mas depois disso foi ocupado por imigrantes e brasileiros em situação de rua.
Quase resgatado
O sargento do Corpo de Bombeiro Diego Pereira da Silva Santos, 32 anos, contou que assim que chegou ao prédio, viu um homem pedindo socorro, pendurado em uma corda, do lado de fora da edificação. "Ele já estava preso. A corda tensionou, mas não suportou o peso", disse. Uma das lamentações dele é de não ter conseguido fazer o resgate a tempo de o prédio desabar. "Não demoraria mais 30 ou 40 segundos para finalizarmos o procedimento. Infelizmente não deu tempo".
A vítima que por pouco foi salva a tempo do desabamento ainda não foi encontrada. "Apesar da formação militar, a gente fica chateado, mas infelizmente tem de entender que a equipe deu o melhor. A gente nunca descarta a probabilidade de vida", disse o bombeiro, que contou ter ficado a cerca de sete metros de distância do homem, com quem chegou a conversar.
"Ele seguiu todas as orientações. Começou a fazer o procedimento errado. Depois orientei, ele recomeçou e fez o correto, estava tranquilo. Falei que ia tirá-lo de lá. Estava muito escuro na hora. Consegui vê-lo quando eu direcionava a lanterna em cima dele, para passar as instruções", contou o sargento.
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