Lava-Jato denuncia ex-secretário de Alckmin por organização criminosa e fraudes no Rodoanel
SÃO PAULO — A força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo denunciou o ex-secretário do governo Geraldo Alckmin, Laurence Casagrande Lourenço, e mais 13 pessoas por supostas fraudes na licitação de três lotes das obras do trecho norte do Rodoanel. Laurence era o presidente da Dersa no momento das licitações. Ele saiu do cargo em 2017 para ocupar, por um ano, a secretaria de Logísticas e Transportes. Laurence está preso há um mês.
Além da denúncia, o Ministério Público Federal pediu a abertura de novo inquérito para apurar possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro nas obras. Os investigadores suspeitam, sobretudo, da atuação de alguns operadores financeiros que poderiam atuar para lavar dinheiro proveniente de vantagens indevidas.
De acordo com os procuradores da força-tarefa, Laurence e outros diretores da Dersa aprovaram a assinatura de contratos aditiivos que previam a inclusão de serviços de remoção de matacões (rochas). No entanto, afirma o MPF, já se sabia da presença das rochas e, portanto, um novo contrato não era necessário.
"Os acréscimos indevidos geraram impacto financeiro calculado pelo MPF em torno de R$ 480 milhões", afirma a força-tarefa.
Além de fraude a licitação, Laurence foi denunciado também por organização criminosa e falsidade ideológica.
Segundo o MPF, a organização funcionava de forma que as construtoras faziam solicitações aos fiscais de obra, que recomendavam, sem ressalvas, a aprovação dessas propostas. A última esfera de decisão era a composta pela diretoria da Dersa, liderada por Laurence.
Laurence foi preso durante a Operação Pedra no Caminho, deflagrada em 21 de junho. Em 30 de junho, sua prisão temporária foi convertida em preventiva após testemunhas relatarem que o ex-secretário triturava documentos em seu escritório, inclusive após deixar o cargo na Secretaria.
Casagrande foi o escolhido para comandar a Dersa após o escândalo que envolveu o ex-diretor da empresa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que também é denunciado pela Lava-Jato em São Paulo por irregularidades na concessão de indenizações por desapropriações nas obras gerenciadas pela Dersa.
O GLOBO procurou a defesa de Laurence Casagrande Lourenço, mas não obteve resposta até o momento.
Em nota, o ex-governador Geraldo Alckmin afirmou que "espera que, respeitado o amplo direito de defesa, Justiça seja feita."
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