Levantamento aponta servidores federais na lista de procurados pela Justiça

ouça este conteúdo
|
readme
|
Um levantamento do G1 revelou que, entre 149 mil mandados de prisão em aberto, pelo menos nove servidores públicos federais estão na lista dos procurados pela Justiça. Entre eles, quatro enfrentam acusações graves, como estupro de vulnerável, enquanto outros são procurados por dever pensão alimentícia.
Os dados analisados representam quase metade dos 326 mil mandados de prisão existentes no Brasil. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) não forneceu detalhes sobre os 180 mil mandados restantes, o que limita a transparência da situação. Dentre os servidores identificados, um vigilante da Universidade Federal de Mato Grosso, condenado por estupro de vulnerável, é procurado para cumprir uma pena de 12 anos, enquanto um assistente de administração do Instituto Federal de Rondônia deve cumprir pena por embriaguez ao volante.

Acertos e erros nas operações contra garimpo ilegal na Amazônia
Os especialistas em segurança pública apontam para um "amadorismo" e uma "falta de integração" nos sistemas de gestão de informações do governo. Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas, destacou a discrepância entre as tecnologias disponíveis e a eficiência da gestão pública. Ele afirmou que não é razoável que uma pessoa procurada pela Justiça continue trabalhando em uma repartição pública, o que evidencia a necessidade de melhorias no sistema de informações.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Rodolfo Laterza, também criticou a situação, afirmando que a continuidade do trabalho dos servidores procurados causa perplexidade. Segundo ele, a falta de comunicação entre os órgãos do governo contribui para essa ineficiência, resultando em atrasos nas intimações policiais e na execução das ordens judiciais.
Embora um servidor tenha sido preso após o G1 questionar a polícia sobre sua situação, muitos continuam em liberdade, mesmo com os mandados de prisão em aberto. A investigação em andamento e a falta de integração entre os bancos de dados do Judiciário e das forças de segurança complicam ainda mais o cumprimento das ordens judiciais, levantando preocupações sobre a responsabilidade e a ética no serviço público.

ASSUNTOS: Brasil