O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo faleceu nesta quarta-feira (19), aos 90 anos. Advogado e professor, Lembo assumiu o governo paulista em 2006, após a saída de Geraldo Alckmin para disputar a Presidência da República. Seu curto mandato foi marcado por um dos momentos mais turbulentos da história recente do estado: a onda de ataques promovida pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em maio daquele ano.

Durante os cinco dias de ataques da facção criminosa, delegacias, postos de polícia e outros órgãos públicos foram alvos de atentados. Mais de 50 agentes de segurança foram assassinados, enquanto grupos encapuzados realizaram represálias, resultando na morte de mais de 500 civis. Em meio à crise, Lembo criticou a elite paulista ao afirmar que "nós temos uma burguesia muito má, uma minoria branca muito perversa".

Apesar de sua longa trajetória na política, Lembo nunca escondeu suas opiniões controversas. Embora se definisse como conservador, dialogava com diferentes correntes ideológicas, inclusive com a esquerda. Filiado a partidos de direita e centro-direita, ele ocupou cargos de destaque em administrações como as de Paulo Maluf e Gilberto Kassab, além de ter sido chefe de gabinete no Ministério da Educação no governo Sarney.

Ao longo de sua carreira, Lembo também teve presença ativa na vida acadêmica e jurídica. Formado em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, lecionou por décadas e trabalhou como advogado. Nos últimos anos, manteve-se ativo no debate público, criticando, por exemplo, o impeachment de Dilma Rousseff e as posições de setores conservadores que considerava excessivamente radicais.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, decretou luto oficial de três dias em homenagem a Lembo. Ele deixa a esposa, Renéa, com quem foi casado por mais de 60 anos.