Mulher do ‘cidadão não, engenheiro civil’ sobre polêmica: ‘meu tom foi mal interpretado’
Nívea Valle Del Maestro, que viralizou esta semana ao discutir com um fiscal da prefeitura do Rio de Janeiro, falou pela primeira vez sobre a polêmica. Na ocasião, a mulher não gostou da fiscalização e disparou: “cidadão não, engenheiro civil, formado, melhor do que você”.
“Não é arrependimento. Hoje, posso reconhecer minha alteração de voz e meu tom foi mal interpretado. Se a gente se arrepende de alguma coisa é de ter saído de casa”, disse em entrevista ao G1.
Nívea, que foi demitida após a repercussão negativa do caso, se explicou: “Ele [o fiscal] respondia: ‘Cidadão, vai lá na prefeitura para ver o procedimento’. Aquilo dava a entender que ele não tinha obrigação de responder. Então, esse ‘cidadão’ se tornou algo pejorativo, não era um substantivo. Senti aquilo de uma forma agressiva. Naquele momento, eu interferi e disse que era um 'engenheiro civil formado'. Quando disse 'melhor do que você', quis dizer que ele sabe o que fazer aqui e o fiscal, não. Ele não dava provas técnicas do que estava fazendo. O que eu não quis naquele momento foi, de forma alguma, humilhar aquela pessoa. Eu nem conheço aquela pessoa. Ali, eu estava nervosa, queria defender meu marido”, contou.
Segundo ela, a frase foi tirada de contexto: “Minha frase ficou descontextualizada. Sei que tenho tom de voz alta, tenho sangue italiano, e às vezes se torna agressivo no calor da emoção. Mas em momento algum eu desacatei ou quis diminuir o rapaz”.
Ela disse ainda que apenas tentou questionar o trabalho do fiscal. “Isso nós não podemos perder. Do contrário, as pessoas vão ficar com medo de agir. Nunca vou me arrepender de questionar. Talvez eu possa reconhecer que houve um excesso que, descontextualizado, ficou ainda pior. Dentro do contexto, nem acredito que tenha acontecido tanto excesso assim. Mas, realmente, eu quando olho aquela cena fico com raiva daquela mulher. Não é possível que uma pessoa, do nada, aja daquela maneira. Mas não foi do nada. Existe um contexto, existe uma história. Existem atos antes e depois”, disse.
“Questionei por que deveríamos sair dali. Queria saber como ele sabia que ali havia 200 pessoas. Eu só queria permanecer no bar. Quero ter o direito de chegar ao ente público e questioná-lo”, continuou.
Nívea e o marido, Leonardo Santos Neves de Barros - que também foi demitido, afirmaram que estão sofrendo linchamento virtual. “Estamos sendo condenados sem direito de defesa. Nossa vida acabou. Perdemos nossos empregos e estamos sendo achincalhados. Estou recebendo ameaças por telefone e todos os nossos dados pessoais foram parar na internet. Os efeitos que isso causou na gente são desproporcionais. Há um linchamento virtual, todas as mensagens que recebo no celular são de pessoas me agredindo. A coisa chegou a um nível no qual, além de perdermos nossos empregos, querem que não trabalhemos nunca mais. O que querem mais? Querem que a gente morra?”, questionou Nívea.
O casal também alega não está com dificuldade para dormir desde o episódio: “Estamos pedindo a amigos médicos que nos prescrevam calmantes para podermos dormir. Por mais que a gente tenha cometido um erro, o que está acontecendo com a gente é desproporcional. Uma coisa é receber uma crítica - outra é essa condenação que estamos recebendo. A gente perdeu tudo, a gente perdeu tudo”, lamentou.
Leonardo confirmou que se inscreveu no Auxílio Emergencial, mas diz que estava desempregado na época. “Eu fiquei desempregado durante alguns meses. Resolvi me inscrever no auxílio da pandemia para ter alguma renda para pagar a pensão do meu filho, que é de um relacionamento anterior. Assim que voltei a trabalhar, cancelei a inscrição”, disse.
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