STF julga se Cristiane Brasil assume ou não Ministério do Trabalho
RIO - A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), indicada para o Ministério do Trabalho, não recolheu o INSS de um ex-funcionário mesmo depois que assinou com ele, em abril do ano passado, um acordo trabalhista em que se compromete a pagar R$ 14 mil em dez parcelas. O motorista Leonardo Eugênio de Almeida Moreira trabalhou para Cristiane entre junho de 2014 e dezembro de 2015, mas não teve a carteira assinada. Por isso, processou a parlamentar.
Pelo acordo, além de pagar os R$ 14 mil ao ex-funcionário, ficou decidido que Cristiane deveria apresentar as guias de Recolhimento da Previdência Social (GRPS), comprovando os recolhimentos previdenciários sobre os salários de todo o período trabalhado por Leonardo. O texto do acordo diz que "o valor da contribuição previdenciária será proporcional ao valor da parcela", que é de R$ 1,4 mil. Os comprovantes deveriam ter sido apresentados até 90 dias a partir da assinatura do acordo, o que não aconteceu, segundo o advogado Carlos Alberto Patrício de Souza, que defende o motorista. Souza diz que o valor do INSS que deveria ter sido recolhido passa dos R$ 5 mil.
- Como ficou acordado na Justiça, a deputada deveria ter recolhido o INSS pelos meses que ele (Leonardo) trabalhou para ela. Ao não registrar o vínculo empregatício junto ao órgão previdenciário, Cristiane Brasil contribui para o aumento do déficit da previdência e ainda causa prejuízo ao Leonardo, já que, sem o pagamento do INSS, esse período não conta para a aposentadoria. Isso não condiz com quem foi indicada para o Ministério do Trabalho - afirmou o advogado do motorista.
A posse da deputada federal como ministra do Trabalho estava marcada para esta terça-feira, mas a Justiça Federal em Niterói suspendeu liminarmente o ato. A Advogacia-Geral da União (AGU) recorreu, mas o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) manteve a posse suspensa. Logo depois da decisão do desembargador, Cristiane e o pai dela, o ex-deputado Roberto Jefferson, se reuniram com o presidente Michel Temer.
Leonardo retirou nesta terça-feira o extrato do Cadastro Nacional de Informações Sociais (Cnis), documento que permite ao cidadão visualizar todos os seus vínculos trabalhistas e previdenciários, além das contribuições realizadas em guia, na condição de contribuinte individual ou prestador de serviço. No documento, não constava nada sobre o emprego com Cristiane e sobre o repasse do INSS.
O GLOBO questionou Cristiane Brasil sobre o caso, mas, até a publicação da reportagem, ela não havia enviado resposta.
POLÊMICA
Desde foi confirmada para o Ministério do Trabalho, o nome de Cristiane Brasil está envolvido em polêmicas. Como O GLOBO revelou no último sábado, o dinheiro usado para pagar as parcelas da dívida trabalhista que a deputada federal tem com Leonardo saiu da conta bancária de uma funcionária lotada em seu gabinete na Câmara. A deputada disse que reembolsava a funcionária de seu gabinete. A reportagem pediu, então, os comprovantes de reembolso, o que foi negado pela parlamentar.
Cristiane foi processada na Justiça trabalhista por Leonardo e outro ex-motorista, que alegaram não ter tido a carteira assinada enquanto eram empregados dela, conforme divulgou a TV Globo.
O G1 divulgou nesta terça-feira que o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) determinou, na última segunda-feira, a inclusão do nome da deputada federal no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT). Em um dos processos trabalhistas, ela foi condenada a pagar R$ 60 mil ao motorista Fernando Fernandes Dias, que prestava seviços para ela e a família. Como parte do valor ainda não foi pago, a deputada teve o nome incluído no BNDT.
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