Tatuado com iniciais dos patrões, escravizado era obrigado a comer fezes em MG

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Duas pessoas em situação análogas à escravidão foram resgatadas em Planura, em Minas Gerais, durante uma operação da Polícia Federal e Ministério Público do Trabalho, realizada entre os dias 8 e 15 de abril.
Segundo informações do colunista Leonardo Sakamoto, do Uol, as investigações indicam que os empregadores usavam as redes sociais para aliciar pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente dentro de comunidades LGBT+, oferecendo falsas promessas de emprego e acolhimento.

'Nós viemos aqui para beber ou pra conversar?' Beber. E depois a matança...
Um dos trabalhadores resgatado, um homem homossexual, foi explorado durante quase nove anos. Ele chegou a ser tatuado com as iniciais "A.J.", em referência a dois dos três patrões, e trabalhava sem salário, sob jornadas exaustivas e ameaças constantes, além de ter sofrido tortura brutal, com abusos sexuais que era gravados em vídeo para serem utilizados como chantagem emocional.
Em uma das gravações, o trabalhador aparece nu, com grampos presos ao corpo, enquanto os patrões assistem e tocam música. Ele também foi forçado a comer fezes após ter o ânus mutilado e costurado.
Além dele, também foi resgatada uma mulher trans, de nacionalidade uruguaia. Ela aceitou a proposta de trabalho em julho do ano passado com salário prometido de R$ 700, mas teve valores descontados e recebia cerca de R$ 100 por mês.
Durante seis meses, ela trabalhou para o trio, sendo que, nos três primeiros, viveu sob constante medo das agressões relatadas. Ela acabou sofrendo um acidente vascular cerebral e apesar de ter conseguido se mudar depois de três meses, seu contrato de aluguel estava no nome dos empregadores, mantendo a relação de dependência.
Os três homens envolvidos foram presos em flagrante pela Polícia Federal. Durante a operação, também foi descoberta uma escola particular mantida pelos acusados, onde uma menina de 12 anos foi encontrada em situação de trabalho infantil.
Os trabalhadores resgatados estão recebendo atendimento integral e terão direito a três meses de seguro-desemprego especial para vítimas de trabalho escravo. Além disso, foram lavrados oito autos de infração contra os empregadores.

ASSUNTOS: Brasil