Temer defende idade mínima para aposentadoria e fala sobre volta da CPMF
BRASÍLIA — O presidente interino Michel Temer defendeu, em entrevista nesta quinta-feira ao SBT, o estabelecimento de uma idade mínima para a aposentadoria, inclusive para servidores públicos. Temer afirmou também que não descarta a criação de novos impostos, como a volta da CPMF.
— (Estabelecer) Idade minima, sem dúvida. E, também, tempo de contribuição. Mas, não queremos prejudicar os trabalhadores que estão no mercado de trabalho. Se for necessário, nós estipularemos regras de transição. Se o prazo é de 35 anos de contribuição, talvez quem tenha, sei lá, 20 anos ou 15 anos, tenha que contribuir mais um ano, mais um ano e meio. Mas isso é em beneficio do próprio cidadão que no futuro vai se aposentar. Porque se o poder público não tiver recursos quando ele se aposentar, pior pra ele — disse.
Questionado se a eventual regra da idade mínima valeria para servidores públicos, Temer foi direto:
— Acho que sim. A idade mínima dá uma certa igualdade e isonomia. Penso que os servidores publicos não se abalariam.
O presidente interino disse que a volta da CPMF não está descartada. Ele afirmou que tentará evitar a criação de novos impostos. Se não for possível, disse, os novos impostos serão provisórios. Segundo ele, a equipe econômica ainda avalia a necessidade de aumentar as receitas por esse meio:
— Descartado, não está. Mas, espero evitar. Se for possível evitar a imposição de impostos, eu o farei. Estou dependendo das análises da equipe econômica. Mas, se vier, note que estou colocando no condicional, (o imposto) terá que ser temporário.
Aprovado na noite de quarta-feira, o aumento aos servidores foi considerado "discreto" por Temer. Segundo ele, o reajuste pacifica a relação do governo com várias categorias de servidores. Temer afirmou que foi feito um cálculo político e econômico para aprovar as medidas. O aumento terá impacto de cerca de R$ 58 bilhões até 2019.
— Foi uma coisa ajustada no governo anterior (com os setores). Ansiavam todos eles pela aprovação dessas matérias. Por um lado pacifica a relação do governo com várias categorias de servidores. É um aumento desejado há muito tempo. É um aumento discreto, quase não cobre a inflação. É útil para o governo e útil para os trabalhadores. (Foi considerado) o cálculo político e o cálculo econômico. Isso está previsto no orçamento — disse.
Na entrevista, Temer disse que não está tratando do impeachment, mas defendeu que "para o bem do Brasil", o processo seja concluído o mais rapidamente possível porque seu governo trabalha na provisoriedade e a presidente afastada Dilma Rousseff fica fazendo campanha para voltar ao poder. Segundo Temer, seus interlocutores têm levado a ele a informação de que há, hoje, entre 59 e 60 votos no Senado em favor do impeachment. O presidente interino mencionou ainda que a queda do PIB abaixo das expectativas é um sinal de que seu governo já provoca um efeito positivo sobre a economia.
— A queda do PIB foi menor do que se esperava. Se esperava 0,8 e caiu 0,3, o que já é um indicativo de que esse brevíssimo período em que nós estamos governando já produziu algum efeito positivo, primeiro ponto. Segundo ponto, eu não tenho feito nenhuma movimentação. Soube que o Senado quer antecipar em benefício do país. Convenhamos que ficar nessa situação de transitoriedade não é útil para o país. Não é útil para a senhora presidente, que fica naturalmente fazendo campanha para tentar voltar, é natural, e não é útil para o governo porque as pessoas olham ainda como se o governo fosse episódico, transitório — disse Temer.
O presidente interino também afirmou que, com relação ao envolvimento de ministros na Lava-Jato, já foi criada uma "jurisprudência" em seu governo:
— Os ministros sairão, não tenho a menor dúvida, se houver incriminações.
Temer relembrou ainda o episódio da carta que escreveu à Dilma, enquanto ela ainda era presidente, na qual reclamava do tratamento que ela lhe conferia, que o fazia se sentir um vice "decorativo". Sobre o caso, disse que foi "ingênuo".
Perguntado sobre as práticas de Dilma que a levaram a responder por crime de responsabilidade, Temer afirmou que pedalada fiscal é uma violação à Constituição. E rebateu à afirmação da petista, de que o impeachment é um golpe.
— O interessante é que pouco antes do processo, ela foi à ONU (em Nova York), eu assumi interinamente e depois ela retomou o seu lugar. Que espécie de golpe é este? O Supremo convalidou o rito do impedimento. Essa história de que não tem legitimidade, de onde vem isso? — questionou Temer, que concedeu a entrevista no Palácio do Jaburu.
ASSUNTOS: aposentadoria, CPMF, idade mínima, Temer, Brasil