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Fluminense e Vasco tentam exorcizar o caos neste domingo

Por Portal Do Holanda

02/12/2018 8h09 — em
Esportes


Foto: Marcelo Theobald

A Série B é um inferno para quem carrega na camisa tradições centenárias. Mas, em 2019, ela representa um inferno sem precedentes para quem, além de prestar contas à torcida, precisa também fechar contas e voltar rapidamente. Caso Fluminense e Vasco não façam seu papel contra, respectivamente, América-MG e Ceará, às 17h, no Maracanã e em Fortaleza, seus já combalidos cofres sofrerão um golpe para o qual não estão nada preparados.

Pelo novo acordo de direitos de TV para o Brasileiro de 2019, não existirá mais a chamada “cláusula paraquedas”. Ou seja: os clubes habituados a frequentar a Série A receberão a mesma quantia que os demais parceiros de Série B receberão, ao contrário do que acontecia até este ano.

Quem jogar a segundona brasileira em 2019 receberá, cada um, R$ 7 milhões pela transmissão dos jogos, via CBF. Por isso, não é exagero dizer que tricolores e cruz-maltinos farão os jogos de suas vidas neste dia 2.

O Vasco acumula três rebaixamentos, mas sempre disputou a Série B com uma receita de TV de membro da elite. Em 2016, último ano em que o clube de São Januário participou da divisão de acesso, a transmissão dos jogos lhe rendeu R$ 104 milhões. Já seus concorrentes contaram com uma cota bem mais modesta: R$ 5 milhões. O vice de Controladoria do Vasco, Adriano Dias Mendes, admite que a vantagem econômica dos gigantes era imensa:

— A disparidade na folha do futebol fazia a volta ser praticamente automática. Tem um risco sim, de um time grande não conseguir voltar de forma tão natural. O formato desse novo contrato permite que os clubes da Série A ganhem mais, mas o risco é maior.

Mesmo com toda esta vantagem, os habitués da Série A têm mostrando cada vez menos força na briga pelo acesso. Rebaixado em 2017, o Coritiba não voltará no ano que vem. No ano passado, o Internacional oscilou e foi vice-campeão para o América-MG. O próprio Vasco é um exemplo. Em 2009, foi o campeão da Série B. Em 2014 e 2016, subiu como terceiro colocado.

O sofrimento, claro, não vai se limitar ao desempenho em campo. A cota de TV responde pela maior fatia no orçamento dos clubes. No balanço financeiro de 2017 do Vasco, o mais recente, ela correspondeu a 50,4% da arrecadação total do clube. Nas Laranjeiras, a fatia é um pouco menor, mas também significativa: 46,5%. E, mesmo com este dinheiro à disposição, os dois clubes já atravessam uma grave crise financeira.

Em razão de dívidas com ex-jogadores, agentes e outros clubes, o Fluminense está com a maioria de suas receitas penhoradas e deve quatro meses de direitos de imagem ao elenco. Fornecedores também estão na lista de credores do clube, que teve o serviço terceirizado de limpeza da sede suspenso por falta de pagamento.

Política em ebulição

Em São Januário, a corda está menos apertada, graças a um empréstimo de R$ 38 milhões. Como garantia deu justamente as cotas de TV. Há dívidas do último mês da gestão Eurico — salário de dezembro de 2017, 13° e um terço das férias. Para piorar, parte das receitas previstas para 2019 já foram antecipadas.

O rebaixamento e a piora do quadro financeiro impactarão na política dos dois. Isolado no Vasco, o presidente Alexandre Campello deve sofrer mais pressão. Há rumores de que a oposição tentará emplacar um impeachment por gestão temerária. Uma redução tão drástica nas finanças do clube será mais munição.

Nas Laranjeiras, o pedido de impeachment já foi feito. Não se espera que avance, pois Pedro Abad conta com maioria no Conselho. Se não promover uma reviravolta neste processo, o rebaixamento no mínimo jogará mais combustível na campanha por renúncia, movida pela oposição.

Para solucionar o jejum de oito partidas sem gols e sem vitórias, a diretoria tricolor trocou Marcelo Oliveira pelo interino Fábio Moreno. Ele deve promover a volta de Kayke para montar um trio de ataque com Luciano e Marcos Júnior. No Vasco, Maxi López sofreu uma pancada na sexta. Mas foi só um susto. O argentino deve estar em campo para ajudar o time em sua missão final.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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