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Pai de vítima de chacina desabafa e acusa policiais militares

Por Portal Do Holanda

22/12/2022 22h41 — em
Chacina na AM-010


Foto: Reprodução

Manaus/AM - O sargento da Polícia Militar, Alessandro Melo, pai de Alexandre Melo, de 29 anos, morto na chacina na segunda-feira (20), no ramal Água Branca, na AM-010, contou ao Portal do Holanda os detalhes sobre como recebeu a notícia da morte brutal do filho. 

Alessandro disse que soube que o filho estava acompanhado da esposa, Valéria Luciana Pacheco da Silva, de 22 anos, e com Lilian Daiane Máximo Gemaque e Diego Máximo Gemaque, em uma lanchonete de um amigo em comum, por volta das 22h do domingo (19). Alexandre teria saído do estabelecimento dizendo que iria deixar os amigos em suas residências e depois iria para casa descansar com a companheira.

Alessandro contou que tinha costume de mandar mensagem ao filho todas as manhãs para saber como este estava, e que achou estranho que Alexandre não tivesse respondido na segunda-feira. Por volta das 10h, um familiar teria ligado e questionado sobre o sumiço de Alexandre, que geralmente acordava cedo para trabalhar como motorista de transporte por aplicativo e como técnico de celular.

Logo depois, Alessandro teve a notícia que militares das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), haviam abordado o filho dele, na rua 21 do bairro Lírio do Vale, e mesmo não encontrando nada de ilícito no carro, um dos PM's assumiu a direção do veículo e saiu junto com as vítimas, seguido por militares que estavam em duas viaturas.

Alessandro disse que não julgaria os colegas de farda e iria na delegacia saber o que realmente havia acontecido, mas enquanto se aprontava, recebeu uma nova ligação informando que o filho estava morto. Ele então foi até o Instituto Médico Legal (IML) para fazer o reconhecimento do corpo, momento em que viu as imagens da abordagem e não teve dúvidas de quem seria a autoria da chacina.

 "Disseram que encontraram meu filho com o carro cheio de drogas, cheio de armas. E aí, o que aconteceu com esse material? Porque não levaram pra delegacia?”, questionou o pai da vítima sobre a conduta dos militares e sobre a falta de provas contra o filho.

“Reconheci o corpo, todo baleado, deformado, o dele e o da minha nora que pegou vários tiros na cara, foram esfaqueados no rosto. Meu filho estava sem os olhos, porque o atingiram com tiro de 12”, detalhou o pai de Alexandre.

Alessandro também descreveu como estavam os corpos dos irmãos Diego e Lilian: a mulher grávida estava com rosto crivado de balas, e Diego, que foi encontrado no porta-malas do veículo, havia levado um tiro e apresentava sinais de asfixia.

Para Alessandro, Diego pode ter sido o primeiro a morrer após ser torturado, e como Alexandre, Luciana e Lilian presenciaram o crime, foram assassinados para que não houvesse testemunhas.

Sonhos destruídos

O pai disse que um dos sonhos de Alexandre era ter a casa própria. Ele relatou que criou o filho sozinho desde que Alexandre tinha apenas 1 ano e 7 meses, e que por isso, a vítima trabalhava muito para poder ter a família completa, o que não foi possível na infância, e dar o melhor para sua esposa, Luciana, e seu bebê, de 11 meses.

“Eu imagino a cena do meu filho pedindo pelo amor de Deus, pedindo para que pelo menos deixassem a mulher dele viver por causa do filho deles”, falou o pai, emocionado.

Motoristas de aplicativo também relataram sobre o profissionalismo de Alexandre, e afirmaram estarem espantados pela forma com que a vítima foi executada.

Justiça

“O dinheiro que eu estava reservando para ajudá-lo com os sonhos, tive agora que usar para comprar caixão, pagar funerária, isso é lamentável”, desabafou Alessandro.

O PM, que tem 25 anos de carreira, disse que irá acompanhar de perto todo o processo, pedir celeridade nas investigações e destacou que vai cobrar justiça pelas vítimas


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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