Organização GLS denuncia homofobia no senado paraguaio
afp.com / NORBERTO DUARTE
Asunción (AFP) - Uma organização pelos direitos dos homossexuais acusou de "homofóbicos" e "machistas" senadores que apoiaram o presidente do Paraguai, Horácio Cartes, na decisão de não assinar um documento contra a discriminação, no marco da 44ª assembleia-geral da OEA, realizada na próxima semana em Assunção.
"A violência, o machismo e a homofobia estão conectados. Quando esta prática vem de figuras públicas, como senadores da República, resultam ainda mais graves", expressou um comunicado divulgado pela organização Somosgay.
Trata-se de uma reação ao que chamaram de "opiniões homofóbicas" emitidas por vários senadores durante um debate sobre um projeto de resolução da OEA, promovido pelo Brasil, relacionado aos direitos civis dos homossexuais.
Cartes anunciou antecipadamente que não assinará o documento, num intuito de frear uma grande mobilização anunciada por fiéis católicos e cristãos durante a assembleia da OEA, que ocorrerá em Assunção entre 3 e 5 de junho.
Uma declaração do Senado, não endossada pela minoria esquerdista, instou o governo a "promover o direito à vida desde a concepção e a proteção integral da família nos moldes estabelecidos pela Constituição".
Durante o debate, o senador do partido governista Carlos Núñez disse: "Quando vejo um homem vestido de mulher na rua tenho vontade de colocar minha cabeça para fora da janela do carro e gritar 'escória da sociedade'".
"Não se pode pedir uma lei para que um homem beije outro homem com bafo de onça", agregou o senador Manuel Bóbeda.
O senador Luis Castiglioni argumentou que são os cristãos "os que se sentem discriminados", após ressaltar que no mundo "há um forte lobby para ir contra a natureza do homem".
A organização Somosgay denunciou que "o uso da orientação sexual ou identidade de gênero das pessoas como insulto é uma prática que agrava aspectos violentos e autoritários da sociedade, fruto de uma cultura baseada em preceitos machistas".
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