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Torcida brasileira dá um jeitinho e leva feijoada, churrasco e samba para esquenta no Catar

Por Folha de São Paulo

24/11/2022 13h40 — em
Copa do Mundo



DOHA/CATAR  - Para manter a animação até a estreia da seleção brasileira, nesta quinta-feira (24), contra Sérvia, a torcida no Catar partiu para a tríade feijoada, churrasco e roda de samba. Tudo a poucos metros da praia.

Ela, a cerveja, acompanhou a feijoada, que não tinha carne de porco. O esquenta no Lazaros Beach Lounge, espaço no luxuoso Waterfront Hotel Apartments, em Lusail, na capital Doha.

A escolha do local foi estratégica. Depois da festa os organizadores pretendem ir em bando para o estádio, a cerca de quatro quilômetros de distância.

Para atrair público, foram oferecidos bonés e camisetas para os cem primeiros, além de descontos na conta e na corrida do Uber até o local.

O funcionário público Leandro Molina, 28, saiu do Brasil sem saber que encontraria esse cenário no Catar.

"Eu estou quase chorando de alegria. Achei que não ia ter nada e tem tudo o que a gente gosta", diz.

A expectativa para a Copa é grande. Para ele, nenhuma seleção está a altura da brasileira. "Tem que jogar sério, sem salto alto. Se jogar, a gente é muito favorito."

Desde o início havia samba, mas às 16h (horário local) começou a música ao vivo. O público garantia o seu copo de cerveja em meio a bandeiras do Brasil, grama sintética no chão e um Zeca Pagodinho de papelão em tamanho quase real.

Era tanta gente que, três horas após o início do evento, a fila do caixa se estendia pela praia. Uma cerveja long neck custava 45 riais do Catar (R$ 65), e o prato feito de feijoada, 115 (R$ 167).

Alguns desafiavam as regras do país, que orientam evitar ombros à mostra e roupas acima dos joelhos, e arriscaram sunga e biquíni. Para muitos, o tênis deu lugar ao chinelo de dedo. Difícil era manter o tênis no pé com a temperatura próxima aos 35ºC.

Quem foi para a praia tinha ao alcance dos olhos o famoso Hotel Lusail Katara, conhecido pelas pontas com formato de chifres. Na areia, as mesas eram ocupadas por integrantes da torcida, entre brasileiros e gente de outras nacionalidades.

O aposentado Wagner Roberto Pereira Borges, 64, aproveitava o esquenta. Para ele, o jogo desta noite (horário local) será o mais difícil da fase de grupos para o Brasil, embora acredite na vitória.

A seleção tenta driblar a zebra que já pegou a Argentina, derrotada de virada por 2 a 1 pela Arábia Saudita, e a Alemanha, que perdeu também de 2 a 1, para o Japão.

Borges acredita que a equipe aprendeu a lição e ser a última favorita a estrear ajudou.

"Isso é uma vantagem para nós, principalmente porque o brasileiro sofre muito com o emocional, então ele tem que entrar muito focado, bem equilibrado emocionalmente para fazer um bom jogo e trazer uma grande vitória para o nosso país."

Para o técnico Tite, a inesperada vitória dos sauditas sobre a seleção de Messi serve "como análise e reflexão". Para manter a concentração dos atletas e não permitir que fatores externos abalem o lado emocional, o comandante optou por manter os treinos fechados.

Grande nome da seleção, Neymar não era unanimidade entre os torcedores.

O advogado Fernando Xavier, 27, não é fã do atacante do Paris Saint-German, mas diz que o jogador é uma peça importante, embora não considere a seleção dependente dele.

"O que importa de fato é o Neymar fazer gol e a gente sair com o hexa", diz. "Ele é um craque dentro de campo e vai fazer a diferença para o Brasil hoje, se Deus quiser."


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