Covid: colapso em Manaus pode se repetir em outras capitais
O aumento acelerado de internações e óbitos por Covid-19 em Manaus nas últimas semanas pode sinalizar uma situação a ser repetida em outras capitais brasileiras. Há semelhanças com o início da pandemia, em março, agravados pela falta de distanciamento social, novas variantes do coronavírus e falta de leitos.
Sem oferta de vacinas e políticas de enfrentamento, a tendência é piorar.
"A situação que estamos assistindo em Manaus e no Rio neste momento é apenas uma antecipação do que devemos assistir no restante dos grandes centros urbanos do Brasil, caso não se mude nada nos próximos dias", afirmou ao UOL Ana Brito, pesquisadora da Fiocruz Pernambuco e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UPE).
O atual cenário, no entanto, se mostra mais preocupante em comparação à primeira onda. Na quarta-feira (6), foram 110 sepultamentos nos cemitérios da capital. Em 28 de dezembro, foram 52 enterros.
O número de pessoas que precisaram de internação saltou de 76 para 221, o maior índice registrado até hoje. A alta nos dois casos não encontra precedentes com o primeiro momento da pandemia.
Caso medidas efetivas não seja tomadas, o número de óbitos deve superar as notificações da primeira onda.
"Se por um lado ainda não tem tantos casos confirmados, como no final de abril e início de maio, claramente temos um excesso de internações, com vários hospitais lotados, inclusive na rede privada, e também um aumento de óbitos", avaliou Felipe Naveca, virologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia.
"Tudo indica que vamos viver aquele cenário catastrófico novamente", acrescentou.
"A sensação que eu tenho é que está se repetindo, sim, só que com uma velocidade maior. Manaus colapsou mais rápido agora do que da primeira vez", diz Miguel Nicolelis, cientista e presidente do Comitê Científico do Consórcio Nordeste.
Os hospitais de Manaus estão com leitos 100% ocupados. Há casos de pacientes na espera por atendimento. Na quarta-feira (6), 271 dos 289 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública estavam ocupados. Na rede privada, 194 dos 205 leitos também tinham pacientes.
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