Relatório listou, pelo menos, 10 falhas em submarino argentino
BUENOS AIRES - Mesmo antes da última viagem, que começou na segunda-feira, 13 de novembro do ano passado e nunca terminou, a tripulação da ARA San Juan , que foi encontrado neste sábado , convivia com falhas permanentes no submarino, que complicavam o trabalho no mar. A informação foi divulgada num relatório confidencial da Marinha argentina, que foi revelado na semana passada pelo chefe de gabinete, Marcos Peña, em sua apresentação ao Congresso.
Em sua penúltima viagem, a ARA San Juan teve, pelo menos, 10 problemas técnicos de diferentes magnitudes, como foi registrado no relatório das atividades de navegação realizadas em julho de 2017. A essas falhas foi acrescentada uma série de imperfeições adicionais consideradas "menores" pela Marinha e listadas como mais um ponto entre os problemas do submarino.
Na expedição de meados do ano passado, o navio saiu com um único periscópio em serviço, mas no sexto dia de navegação a tripulação detectou um defeito na óptica que impedia o foco adequado. Era um problema superlativo para a missão, que entre outras coisas, procurou documentar a presença de navios na plataforma continental argentina -tecnicamente, sua tarefa era a localização, a identificação e o registro por fotos e filmagens de embarcações frigoríficas, de logística, petroleiros e navios de outros países.
Durante os trabalhos, a equipe chegou a tirar fotos com um celular, algo que se tornou mais e mais complicado com os dias.
COMUNICAÇÃO EM RISCO
Um acoplador HF (para comunicações) falhou nos testes antes da saída. Como sua substituição atrasaria a missão, o submarino saiu com uma única unidade, um sobressalente consignado pelo ARA Santa Cruz e outra alternativa menos apropriada. No quinto dia de navegação, o acoplador falhou e teve que ser substituído pela unidade emprestada.
Uma antena que apresentou problemas antes da partida, mas havia sido consertada, falhou novamente no terceiro dia da viagem e também teve que ser substituída por uma peça de reposição do ARA Santa Cruz.
Ma as complicações do ARA San Juan foram além das comunicações. No momento da navegação, o submarino fez um movimento "alternado em direção a si mesmo e à popa" que resultou num corte do comprimento da popa "devido ao estado de desgaste do mesmo". E a partir do segundo dia de navegação, um ruído permanente foi detectado, fazendo com que à leitura no detector de cavitação excedesse o máximo da máquina.
Falhas também foram encontradas no gerador número dois, que persistiram apesar das tentativas da tripulação de resolvê-las.
Um dos momentos mais complexos de navegação foi vivenciado no quinto dia, quando o sistema de propulsão falhou, só respondendo na terceira tentativa. Essa falha permaneceu durante toda a navegação. "Antes de tomar a direção para entrar no porto, houve uma falha total do sistema, deixando a unidade momentaneamente sem propulsão", afirma o relatório.
No sexto dia, com o submarino em manobra de mergulho, a água do mar foi introduzida no ventilador da bateria. Também houve uma queda no nível de óleo de aproximadamente 50 litros por dia no sistema hidráulico, a rotação de uma haste que não deveria ocorrer e pelo menos sete falhas adicionais que foram consideradas menores.
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