Banco Central anuncia intervenção no câmbio com leilões de até US$ 4 bi
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Banco Central anunciou que fará uma nova intervenção no câmbio nesta quinta-feira (12), com a realização de dois leilões de dólares com oferta total de US$ 4 bilhões.
Essa modalidade é chamada de leilão de linha, quando o BC vende reservas internacionais no mercado à vista, mas com o compromisso de recompra em um prazo determinado.
Serão aceitos no máximo US$ 2 bilhões para cada uma das ofertas. As operações de venda serão liquidadas na próxima segunda-feira (16).
As propostas para o leilão da "linha A" serão acolhidas entre 10h20 e 10h25, e o BC prevê como data de recompra o dia 4 de fevereiro de 2025. Já o leilão da "linha B", que terá as propostas acolhidas entre 10h35 e 10h40, tem 2 de abril de 2025 como prazo de recompra.
Nos leilões de linha, a taxa de câmbio a ser utilizada para venda de dólares será a da Ptax das 10h do dia do certame. Calculada pela autoridade monetária com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax é uma taxa de câmbio que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
Nesta quarta-feira (11), o dólar fechou em forte queda e recuou a patamar abaixo de R$ 6 pela primeira vez desde 28 de novembro, dia do anúncio do pacote fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que gerou frustração no mercado financeiro. A moeda americana terminou o dia cotada a R$ 5,970, em depreciação de 1,27%.
Essa será a primeira intervenção do BC no câmbio desde que o dólar rompeu a barreira histórica dos R$ 6. Na semana passada, o diretor de Política Monetária e futuro presidente da instituição, Gabriel Galípolo, afirmou que a autoridade monetária não ia "segurar o dólar no peito". Na ocasião, ele reforçou que o BC só atua no câmbio em caso de disfuncionalidade.
"É uma discussão que às vezes vai surgir, de que o país tem US$ 370 bilhões de reservas, por que não segura [o dólar] no peito? Quem está no mercado e está assistindo sabe que não é assim que funciona", disse.
O último leilão de linha realizado pelo BC ocorreu em 13 de novembro, quando também foram ofertados US$ 4 bilhões em dois certames. Tradicionalmente, a autoridade monetária costuma fazer esse tipo de operação no fim do ano, sobretudo em dezembro, período em que empresas com filiais no Brasil enviam recursos ao exterior.
Neste ano, o BC também atuou no câmbio em setembro, quando vendeu 14.700 contratos de swap cambial ofertados em leilão extraordinário -o equivalente a US$ 735 milhões. A compra de contrato de swap pela autoridade monetária funciona como injeção de dólares no mercado futuro, e quem compra está protegido em caso de desvalorização do real.
No fim de agosto, foram realizadas outras duas intervenções. Na primeira, o BC aceitou uma única oferta e vendeu US$ 1,5 bilhão no mercado à vista de câmbio. Na segunda, foram vendidos 15.300 contratos de swap -o equivalente a US$ 765 milhões- de um total de 30.000 ofertados (US$ 1,5 bilhão).
A primeira intervenção no câmbio sob o governo Lula ocorreu em abril, quando a autoridade monetária realizou um leilão de 20 mil contratos de swap cambial. Foram vendidos todos os contratos ofertados (o equivalente a US$ 1 bilhão).
Em 2023, o BC atravessou o ano sem ter realizado leilões extras de dólar em meio a um cenário de baixa volatilidade do real e de forte fluxo comercial.
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