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BC aumenta taxa Selic para 13,25%, Fed mantém taxa básica de juros e o que importa no mercado

Por Folha de São Paulo

30/01/2025 8h30 — em
Economia


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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Banco Central seguiu as projeções do mercado e aumentou a taxa Selic em um ponto percentual, levando-a a 13,25% ao ano, Federal Reserve também não surpreende e mantém a taxa básica de juros e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (30).

Erramos: a edição desta quarta (29) citou o sistema de inteligência artificial da Meta, o Llama, como exemplo de um modelo de linguagem com o código fechado. O sistema é aberto e pode ser usado por desenvolvedores e empresas para criar suas aplicações.

**SEM SURPRESAS**

Na primeira reunião do ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) aumentou a taxa básica de juros em um ponto percentual para 13,25%, .Essa foi a primeira decisão com Gabriel Galípolo na presidência do Banco Central.

Política monetária para iniciantes. É popular a ideia de que aumentar a taxa básica de juros ajuda a segurar a inflação.

Com a taxa mais alto, o acesso ao crédito encarece e, por consequência, o consumo também é afetado. Menos dinheiro circulando, menores os preços.

Ainda, a Selic mais alta ajuda a atrair investimentos do exterior. Os rendimentos estarão maiores em alguns títulos, como aqueles atrelados ao Tesouro Nacional.

Por fim, na economia, as expectativas afetam a realidade. Se o BC sobe os juros, os investidores entendem que há uma intenção de controle da inflação. É uma mensagem para tranquilizar o mercado.

Essa é uma explicação muito básica do que está previsto no papel. Nem sempre a realidade segue as linhas do que foi escrito.

REAÇÃO

O mercado já esperava esse aumento, então sem surpresas. O comunicado do Banco Central sobre o assunto era mais esperado do que a taxa em si.

“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado do trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”, escreveu o comitê.

PREÇOS SALGADOS

A leitura da inflação pelo IPCA-15, divulgado na última sexta (24), mostrou uma aceleração de 0,11% –maior do que a expectativa do mercado, que era de uma queda de 0,02%.

Os grupos mais preocupantes são o dos alimentos e dos serviços, segundo o coordenador de economia e finanças da ESPM, Alexandre Espírito Santo.

“O discurso precisava ser ‘duro’, mostrando que a autoridade monetária irá atuar como se espera dela, a despeito das eventuais pressões”, comentou o especialista.

E as autoridades? O presidente Lula (PT), em geral, é crítico a taxas de juros altas. Fernando Haddad, também já afirmou que acredita que a política monetária sozinha não resolve a economia.

“Baixar o juro é uma briga eterna nesse país. Mas mesmo se o juro for zero, se o cara não tiver dinheiro, ele não vai consumir. O importante é a circulação do dinheiro”. Quem disse isso? Descubra clicando aqui.

**O QUE MUDA PARA VOCê?**

A principal mudança é que o custo do crédito sobe. Isso torna os bancos mais seletivos em relação à concessão de empréstimos e financiamentos.

↳ Um setor da economia que, em geral, se incomoda com o aumento dos juros é o imobiliário –as pessoas tendem a entrar em menos financiamentos quando as condições estão piores.

↳ As empresas dessa área foram beneficiadas pela ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo. O aumento da Selic pode ser um revés.

NA PRÁTICA

As taxas de juros cobradas aos consumidores da pessoa física vão atingir, na média, 119,44% ao ano, segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Na relação entre os juros cobrados ao consumidor e a Selic, isso significa uma variação de mais de 800%. Aqui vão alguns exemplos de como isso pode te impactar:

No rotativo do cartão de crédito, a taxa mensal passa de 14,86% para 14,94%;

Para financiar algo no valor de R$ 1.500 em 12 meses, por exemplo, a taxa mensal de juros subiu de 5,20% para 5,28%, resultando em um acréscimo de R$ 9,22 no valor total;

No caso de um financiamento de um carro de R$ 40 mil em 60 meses, a compra vai ficar R$ 1.337,32 mais cara, segundo a simulação.

Tem algo de bom? Sim. É hora de investir em títulos de renda fixa, sobretudo pós-fixados –alguns já passam a render mais amanhã.

Produtos como CDBs, LCIs ligados ao CDI e Tesouro Selic irão render o equivalente a um ponto percentual a mais por ano.

Muita calma nessa hora. Especialistas recomendam que você não coloque todos os seus investimentos nesses títulos.

A regra de bolso para o sucesso de uma carteira de investimentos é a diversificação.

Ainda que as expectativas sejam de que a Selic possa chegar a 15% no fim do ano, há classes de ativos que podem garantir uma rentabilidade semelhante por um período.

Títulos prefixados e híbridos, que combinam a variação da inflação com um juro predeterminado, são exemplos.

Lembrete: para garantir a taxa que você previu quando fez a aplicação, é importante não fazer o resgate antes do prazo estipulado, já que o preço de alguns desses títulos oscila diariamente.

***PAUSA NA QUEDA**

Assim como por aqui, lá nos Estados Unidos também aconteceu a reunião do conselho monetário do país, o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto). Ele decidiu pela manutenção da taxa de juros em 4,25% a 4,50% ao ano.

↳ Quando as decisões do Copom e do Fomc coincidem, o mercado brasileiro costuma apelidar o dia de “superquarta” –se você ler por aí, já sabe.

“POUSO SUAVE”.

Essa é a primeira vez que o Federal Reserve, banco central americano, decidiu manter a taxa de juros desde setembro do ano passado.

Foram três cortes consecutivos para chegar a um ponto percentual de redução.

A decisão era amplamente prevista pelo mercado, que determina o fim da estratégia aplicada por Jerome Powell, presidente do Fed, para segurar uma inflação resiliente nos EUA.

Cortes pequenos, à medida que a inflação desacelera aos poucos, para não afrouxar o cerco na economia de uma vez só.

MAS...

A inflação persiste, e o nível dos preços continua alto para os americanos. Menores do que há dois anos, mas maiores do que o desejado pela maioria.

Em comunicado, o Fomc manteve a preocupação com os preços, que continuam em ritmo de aumento elevado, e deu poucas pistas sobre quando ocorrerão novas reduções.

A projeção dos investidores é que um novo corte só venha a acontecer em junho deste ano.

Donald Trump quer taxas de juros menores e já instou o Federal Reserve publicamente a cumprir seus desejos.

O controle da inflação e a redução do custo de vida estavam no centro da pauta de sua campanha eleitoral –para isso, ele quer o barateamento do crédito.

Depois da decisão, Trump disse em redes sociais que o Fed “fez um péssimo trabalho de regulação”.

“Se o Fed tivesse gastado menos tempo em DEI [sigla em inglês para diversidade, equidade e inclusão], ideologia de gênero, energia ‘verde’ e mudanças climáticas falsas, a inflação nunca teria sido um problema”, escreveu.

**TIKOTK VIRA LOJA**

Quem acha que só a geração Z está no TikTok publicando dancinhas está desatualizado. Só 33% dos usuários do aplicativo têm entre 18 e 24 anos.

Um relatório do time de pesquisa do Santander quis mostrar que a plataforma é um ambiente interessante para estimular os negócios no Brasil. Vamos aos detalhes.

BRASILEIROS NA REDE

111 milhões de brasileiros passam uma média de 60 minutos diários no TikTok, segundo dados levantados pelo banco.

Cerca de 51% dos usuários têm de 25 a 44 anos, ou seja, provavelmente têm um salário e coisas que querem gastar ele com.

É aí que entra a TikTok Shop. Uma iniciativa da empresa que já funciona na Inglaterra e nos Estados Unidos e permite os usuários da rede a comprarem o que estão vendo nos vídeos dentro da própria plataforma.

No exterior, tem dado certo: 71% de quem usou o e-commerce passa da descoberta para a compra dentro do ambiente online.

E o Brasil? A loja pode aterrissar aqui eventualmente, de acordo com o Santander. O Tik Tok ainda não tem planos concretos para isso, respondeu a plataforma quando consultada pela FolhaMercado.

O Brasil é o terceiro maior mercado da rede social, ficando atrás apenas da Indonésia e dos Estados Unidos.

Some a isso a capacidade de engajamento do sistema. Os algoritmos do TikTok geram de três a quatro vezes mais engajamento que o Instagram no nosso país.

O resultado projetado pelos autores do relatório é que a TikTok Shop poderia abocanhar entre 5 e 9% do e-commerce brasileiro em até três anos do seu lançamento no país.

Isso geraria entre R$ 25 e R$ 39 bilhões em valor bruto de mercadoria.

Quem ganha e quem perde?

As marcas que estão acostumadas a lidar com o público no ambiente digital, ganham. Quem (ainda) não chegou lá, perde.

A pesquisa levantou algumas empresas que podem se dar bem com a (possível?) chegada da TikTok Shop no Brasil, confira:

- Boticário, Burger King, Smart Fit e Natura estão bem-preparadas para uma empreitada do tipo, pois criam conteúdo com bom engajamento;

- Renner, C&A e Mercado Livre também têm potencial para construir uma base de clientes no novo e-commerce;

- Azzas 2154, Guararapes, SBF e Vulcabras precisam se preparar melhor para esse momento, na análise do Santander.

O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER

Haddad promete corrigir o texto da reforma tributária e não taxar fundos imobiliários. Esses assuntos devem voltar à tona na próxima semana, quando as atividades voltam em Brasília.

Deportação em massa de Trump nos EUA pode afetar a economia da América Latina. Há países da região onde mais de 1/4 do PIB é formado pelas remessas enviadas pelos imigrantes para as suas famílias.

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