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Concentração sobe no crédito, e quatro bancos dominam 57,9% do mercado

Por Folha de São Paulo

29/04/2025 15h15 — em
Economia


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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A concentração bancária no país inverteu a trajetória de queda e subiu pela primeira vez em ao menos três anos, consolidando o domínio das quatro maiores instituições financeiras sobre mais da metade do mercado. Banco do Brasil, Caixa, Itaú Unibanco e Bradesco são responsáveis, juntos, por 57,9% das operações de crédito do país.

Os dados, referentes ao fim do ano de 2024, estão em relatório do Banco Central divulgado nesta terça-feira (29). Um ano antes, os quatro maiores bancos foram responsáveis por 57,8% das operações de crédito.

Apesar do aumento leve, de 0,1 ponto percentual, o movimento vai na direção contrária ao discurso do Banco Central sobre a necessidade de aumento da concorrência no setor. O estímulo à maior competição faz parte das diretrizes da agenda do BC há anos.

O nível de concentração permanece particularmente elevado nos financiamentos rurais e agro, nos financiamentos habitacionais e nos financiamentos de infraestrutura e desenvolvimento.

O presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a instituição dificilmente fica satisfeita com indicadores a ponto de não ver necessidade de ação para melhorá-los. Segundo ele, a melhoraria de números ligados a concorrência é um objetivo constante.

"O BC raramente está satisfeito com algum tipo de indicador", disse. "Está sempre buscando melhorar, evoluir e produzir melhores resultados para a sociedade. Esse é o objetivo aqui do BC. É uma agenda de longo prazo, de aumentar a competitividade e fazer inovações", disse.

Ele disse que a autoridade monetária tem conduzido trabalhos pela desconcentração do setor, sendo inclusive chamada por pares internacionais para discutir o assunto, e citou a importância de atuar em frentes como a melhoria de financiamento para o crédito imobiliário.

"É absolutamente normal que, em qualquer tipo de processo, a gente vá fazendo ajustes conforme as coisas vão vir. Isso é um processo de qualquer empresa, devia ser de qualquer pessoa também. Você vai observando como aquilo vai ocorrendo na prática e vai produzindo esses ajustes", afirmou.

Os relatórios anuais apontam também que esse é o primeiro aumento desde que a chamada RC4 (Razão de Concentração dos Quatro Maiores) foi adotada pela autoridade monetária como substituição à RC5 (que se referia aos cinco maiores e incluía, até então, o Santander). Em 2019, ano de estreia do indicador, o percentual era de 60,6%.

Os números foram registrados sob a gestão do então presidente do BC Roberto Campos Neto (indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro). Nos anos anteriores de seu mandato, o percentual vinha caindo, embora de maneira leve.

A maior concentração é registrada após um ano em que o BC aprovou, sem restrições, oito atos de concentração (quando uma empresa compra outra, por exemplo, ou há outro tipo de negociação entre duas companhias que acabe potencialmente concentrando mais o mercado).

Três desses atos analisados envolveram diretamente pelo menos um banco. Entre eles, um acordo de investimento entre o Bradesco e o banco John Deere.

O BC destaca também o nível de concentração nos mercados de corretagem (ações e mercadorias e futuros) e de distribuição de produtos de investimento, que tiveram aumento em 2024 -embora a autoridade monetária considere esses segmentos desconcentrados ou em nível moderado.

Mesmo com os valores, o BC destaca no relatório que houve avanços citando a queda da RC4 de 57,9% para 57,1% em depósitos totais e dizendo que a concentração apresentou "redução ou estabilidade". A autoridade monetária também cita movimentos como o aumento do número de instituições financeiras ofertantes de capital de giro, de crédito pessoal sem consignação em folha e de cheque especial.


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