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Coordenação global para taxar super-ricos é muito difícil, diz Yellen

Por Folha de São Paulo

25/07/2024 15h00 — em
Economia



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou nesta quinta-feira (25) que é muito difícil uma coordenação das políticas tributárias de todo o mundo e disse não ver "necessidade" nem achar "desejável" negociar um acordo internacional sobre a taxação de super-ricos.

Ela, contudo, afirmou defender a cobrança de impostos mais elevados para bilionários e disse que cada país deveria garantir que seus sistemas de tributação sejam justos e progressivos.

"Acreditamos que esta é uma iniciativa muito válida, que faz sentido para a maioria dos países adotar essa abordagem de tributação progressiva, mas temos visões muito diferentes", disse.

"Estamos felizes em trabalhar com o Brasil nisso, em promover essas ideias no G20. No entanto, a política tributária é muito difícil de coordenar globalmente. Não vemos necessidade ou achamos realmente desejável tentar negociar um acordo global sobre isso", acrescentou.

As declarações foram dadas por Yellen em entrevista a jornalistas às margens do encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 –grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, a União Europeia e a União Africana.

O tema foi tratado por Yellen com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) em uma reunião bilateral na quarta-feira (24), de acordo com uma pessoa a par do encontro. Segundo o relato, a secretária do Tesouro dos EUA se mostrou favorável a que os mais ricos arquem com uma parcela maior dos custos do Estado e mencionou uma proposta do presidente Joe Biden de elevar a tributação para bilionários nos EUA.

Haddad, contudo, afirmou aos jornalistas que a taxação de super-ricos não foi tema do compromisso com Yellen. "Isso está sendo tratado no âmbito das equipes técnicas [do G20]. Na minha opinião, está avançando bem. Eu tenho algum otimismo em relação a uma declaração conjunta dos 20 países", disse.

O Brasil defende a proposta elaborada pelo economista francês Gabriel Zucman, que prevê um imposto global de 2% sobre o patrimônio de cerca de 3 mil super-ricos —o que corresponde a US$ 250 bilhões (cerca de R$ 1,4 trilhão) de potencial de arrecadação por ano.

Yellen também elogiou a liderança do presidente dos EUA, Joe Biden, na "recuperação econômica notável" do país, citando os dados do PIB [Produto Interno Bruto] e da inflação do segundo trimestre. A economia americana cresceu mais rápido do que o esperado no período, com aumento da taxa anualizada de 2,8%, contra 1,4% no primeiro trimestre.

A secretária do Tesouro ainda comentou o pronunciamento feito por Biden, no qual o presidente justificou sua desistência de concorrer à reeleição dizendo que a defesa da democracia é mais importante do que qualquer cargo.

"Eu reverencio este cargo, mas amo mais o meu país. Foi a honra da minha vida servir como seu presidente", disse. "Mas, na defesa da democracia, o que está em jogo é mais importante do que qualquer título."

Para Yellen, o presidente tem profundo "respeito e amor pelo povo americano e pela democracia" e mostrou "elegância, patriotismo e sabedoria" em seus comentários.

"Estou profundamente orgulhosa de trabalhar para este presidente e vice-presidente [Kamala Harris]. Estou comprometida em continuar o trabalho para fazer progressos em nome do povo americano", disse.


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