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Dólar cai e Bolsa sobe, com foco em inflação dos EUA e política monetária do Brasil

Por Folha de São Paulo

12/08/2024 14h30 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar tinha queda nesta segunda-feira (12), com investidores de olho na divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos no meio da semana.

Às 14h12, a moeda norte-americana recuava 0,25%, cotada a R$ 5,500, estendendo as perdas das últimas sessões. Já a Bolsa avançava 0,75%, aos 131.599 pontos, em meio a uma bateria de balanços corporativos e falas de autoridades do BC (Banco Central).

Depois de dias turbulentos para os mercados globais, os investidores começam a semana de olho no calendário: na quarta-feira, são esperados novos dados de inflação dos Estados Unidos, medidos pelo CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês).

A expectativa é por sinais sobre a trajetória dos juros norte-americanos. Agentes financeiros dão como certo um corte na taxa de 5,25% e 5% pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) na próxima reunião de política monetária, em setembro, ainda que a magnitude do corte seja incerta.

As apostas medidas pela ferramenta CME Group FedWatch projetam que há chances iguais de corte de 0,25 ou 0,50 ponto percentual. Na semana passada, o de maior tamanho chegou a ser consenso entre os investidores em meio a temores de recessão a maior economia do mundo, após a divulgação de dados de emprego mais fracos do que o esperado em julho.

Essa perspectiva arrefeceu na semana passada, na esteira de números mais favoráveis e falas apaziguadoras de autoridades do banco central norte-americano.

Por aqui, os olhos estão voltados para falas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do favorito à sucessão do cargo, Gabriel Galípolo, também diretor de política monetária da autarquia.

Em inauguração do novo campus da FGV (Fundação Getulio Vargas), em São Paulo, Campos Neto afirmou que os mercados amplificam a repercussão de uma eventual recessão nos EUA sabendo que bancos centrais ao redor do mundo serão seletivos para atuar durante dificuldades econômicas.

"O mercado começou a entender que a barra para socorro por parte do BC ficou muito mais alta. Governos estão endividados e espaço fiscal é muito menor", disse, reforçando, também, que o compromisso de fazer a inflação convergir à meta será cumprido, independentemente de quem for presidente ou de quem for o mandato.

"Temos emitido mensagem inequívoca e consensual, isso está sedimentado."

Às 14h30, Galípolo participará de evento da Warren Investimentos, que também terá a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O mercado tenta antever as próximas decisões de juros, depois que a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) e um discurso de Galípolo mostraram que as autoridades do BC estão mais cautelosas quanto à trajetória da inflação do país.

Na sexta-feira, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) apontou que a inflação acelerou de 0,21% em junho para 0,38% em julho, o maior patamar para o mês desde 2021. O resultado ficou acima da mediana das expectativas de analistas consultados pela Bloomberg, que projetavam variação de 0,35%.

No acumulado de 12 meses, IPCA acelerou de 4,23% até junho para 4,5% até julho. É justamente o teto da meta do BC para o final do ano, que persegue uma inflação em 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Atualmente em 10,5% ao ano, a taxa básica de juros do país, a Selic, é o principal instrumento do BC para o controle inflacionário. Na ata da última reunião de política monetária da autarquia, os dirigentes deixaram claro que não hesitarão em aumentar os juros caso necessário.

Galípolo, em evento na quinta-feira (8), endossou o recado e afastou percepções de interferência política nas decisões de diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com os novos dados do IPCA, agentes financeiros têm se dividido quanto às expectativas para as próximas decisões de juros.

De um lado, há quem aposte em uma nova alta —o que, em tese, é positivo para o real, pois torna o país atrativo para operações de "carry trade", quando investidores tomam recursos em países com juros baixos e reinvestem onde a taxa é maior.

De outro, alguns agentes esperam manutenção dos atuais 10,50% ao ano. "Com esse dado do IPCA e a expectativa de corte de juros nos EUA, acredito que o consenso ainda é de manutenção dos juros em 2024", diz Andre Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital.

Quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atrativo à medida que os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos EUA caem, gerando apetite por risco em outros mercados com juros mais altos, como o Brasil.

No Boletim Focus desta semana, especialistas consultados pelo BC mantiveram a projeção de que a Selic continuará em 10,50% ao ano até o final de 2024. Eles também subiram as expectativas de inflação após os dados do IPCA, a 4,20%, ante 4,12% na semana passada.

Na cena corporativa, Azul perdia 10,19% por causa do balanço corporativo do último trimestre. A empresa reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 744,4 milhões, alta de 31,3% sobre a perda de um ano antes, com queda no resultado operacional e forte impacto de variação cambial.

Petrobras tinha ganhos firmes de 3% em linha com a alta dos preços do petróleo no exterior, apagando a desvalorização de sexta-feira após a notícia de prejuízo no segundo trimestre. Vale perdia 0,40%, seguindo a desvalorização do minério de ferro na China.

A bateria de resultados no final do dia também deve ocupar as atenções: CSN, MRV&Co, São Martinho e Natura&Co estão entre as empresas que reportam seus números quando o pregão fechar.

Na sexta-feira, o dólar fechou em queda firme de 1,06%, aos R$ 5,514, e a Bolsa subiu 1,52%, aos 130.614 pontos.


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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