Dólar cai quase 1% após dados de inflação nos EUA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar registrou mais uma sessão de queda frente ao real nesta quarta-feira (12) após a divulgação de dados de inflação nos Estados Unidos, que vieram abaixo das expectativas e indicaram que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) pode antecipar o fim da escala dos juros no país. A moeda americana recuou 0,86%, cotada a R$ 4,819.
Já na Bolsa brasileira, o Ibovespa teve leve alta de 0,09%, fechando praticamente estável aos 117.666 pontos. O índice foi apoiado por boas performances de Vale, PetroRio e JBS, mas pressionado baixas de empresas como GPA e Azul.
Dados divulgados pelos EUA nesta quarta mostraram que os preços ao consumidor em junho subiram 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, após alta de 4% em maio, enquanto o núcleo da inflação, cuja persistência tem sido particularmente preocupante para o Fed, diminuiu mais do que o esperado, para 4,8%.
"Temos sinais claros de que a inflação nos Estados Unidos vem pouco a pouco arrefecendo", diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.
Segundo a FedWatch, ferramenta do CME Group que monitora as expectativas do mercado sobre os próximos passos do banco central americano, a maior parte dos analistas espera uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião da autoridade monetária, mas não prevê outros aumentos até o fim do ano.
"O CPI [índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês] nos EUA ficou abaixo do esperado. Mercados comemoram, mas não deve mudar a expectativa de alta de 25 [pontos-base] no próximo Fomc [comitê de política monetária do Fed]", afirma Rafaela Vitoria, economista-chefe do banco Inter.
De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, o CPI mostrou a continuidade da desaceleração da inflação pelo décimo mês consecutivo e isso é uma boa notícia para ativos de risco e a aposta de fim do ciclo de aperto monetário.
Uma inflação comportada reduz o risco de o Fed manter uma política monetária apertada por muito mais tempo. A perspectiva de que os juros não devem subir muito mais, e eventualmente até podem começar a cair um pouco mais à frente, traz ânimo aos agentes financeiros, que passam a rever para cima os lucros projetados para as empresas com ações negociadas em Bolsa.
No entanto, Alves ressalta que o crescimento dos salários está em ritmo superior à inflação, o que dificulta o controle dos preços. Ele também destacou que, apesar da trajetória de queda, o CPI permanece acima da meta de longo prazo do Fed (2%).
Sobre o câmbio, Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, aponta que o dólar vinha ganhando força ante o real nos últimos dias, com o mercado prevendo novos aumentos de juros de até 0,50 ponto percentual nos EUA, após dados que mostraram um mercado de trabalho aquecido e sinalizações de autoridades do Fed sobre aperto monetário. Com os dados de inflação desta quarta, a moeda americana acabou perdendo força.
"Os dados vieram na contramão do que o mercado estava esperando de pior e mostraram um possível 'pouso suave' na economia que o Fed buscava, ou seja, a inflação desacelerando e criação de vagas positiva, o que levaria ao controle da inflação sem causar uma recessão no país", diz Izac.
O dólar também registrou queda no exterior. O índice DXY, que mede o desempenho da divisa americana ante outras moedas fortes, caiu 1,15%.
No Brasil, os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2024 mantiveram-se estáveis, enquanto as curvas mais longas tiveram alta. Os juros para 2025 subiram de 10,77% para 10,83%, enquanto os para 2026 foram de 10,10% para 10,17%.
Na Bolsa, o Ibovespa teve alta apoiado pelo exterior e por ganhos da Vale (0,71%) e da PetroRio (1,91%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão, impulsionadas pela alta das commodities no exterior.
Liderando as altas do dia na B3, os papéis da JBS tiveram valorização de 9,05%, após o frigorífico anunciar uma dupla listagem de ações, no Brasil e nos Estados Unidos, visando ampliar sua capacidade para investir e crescer com menor custo de capital.
Quedas significativas de GPA e Azul, que registraram perdas de 5,82% e 4,28%, respectivamente, pressionaram o índice e limitaram os ganhos do Ibovespa na sessão. As duas empresas passam por correção após fortes altas no últimos mês.
Nos Estados Unidos, o dia foi de alta para as ações por conta do alívio com a inflação americana o S&P 500 registrou ganhos de 0,74%, o Nasdaq avançou 1,15% e o Dow Jones subiu 0,25%.
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