Dólar e Bolsa hesitam, com IPCA-15 e definição do novo presidente da Vale em foco
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar hesitava nesta terça-feira (27), com os mercados analisando os dados de inflação medidos pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15), divulgados mais cedo nesta manhã.
Às 11h22, a moeda norte-americana avançava 0,06%, a R$ 5,492. A Bolsa também oscilava entre os sinais, com alta de 0,08%, aos 136.991 pontos, com avanço firme da Vale após a definição do novo presidente.
Em dia de agenda esvaziada no mercado exterior, a cena doméstica direcionava os negócios nesta terça.
Pela manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA-15 desacelerou em agosto para 0,19%, em linha com o esperado por economistas. Em 12 meses, a inflação ficou em 4,35%, um pouco abaixo do teto da meta do BC de 4,5%
O indicador funciona como uma espécie de "prévia" da inflação oficial do país, medida pelo IPCA, por ter um tempo de coleta diferente: em vez de medir a variação dos preços do primeiro ao último dia de um mês, a janela temporal é entre a segunda metade do mês anterior até a primeira metade do seguinte. Neste caso, entre 16 de julho e 14 de agosto.
A divulgação do IPCA-15 acontece em meio à expectativa crescente sobre os próximos passos da política monetária do BC (Banco Central). Membros da autarquia têm levantado a possibilidade de elevar a taxa Selic na próxima reunião, em setembro, para trazer a inflação de volta ao centro da meta.
Atualmente em 10,50% ao ano, a taxa de juros é o principal instrumento do BC para o controle inflacionário. A autoridade monetária trabalha com a meta de inflação em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e principal cotado à presidência da autarquia em 2025, reforçou em evento na segunda-feira que o BC está em posição conservadora e "dependente de dados" para futuras decisões sobre juros, com "todas as alternativas na mesa" para a reunião de setembro do Copom (Comitê de Política Monetária).
"Estamos vendo sinais de mais resiliência da atividade econômica, com um mercado de trabalho mais apertado. Nós vamos consumir os dados a cada reunião do Copom para poder analisar como a economia está avançando e tomar as nossas decisões a partir disso", disse, durante comemoração dos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em Teresina.
Nas últimas semanas, o mercado financeiro tem analisado de perto declarações de Galípolo e do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, em busca de sinalizações sobre a política de juros. Na terça-feira passada, um aparente desencontro entre os dois gerou alta no dólar.
Os agentes financeiros têm precificado um aumento na Selic até o final do ano. Com o IPCA-15, o contrato de juros futuros para janeiro de 2025, no curtíssimo prazo, prevê uma taxa de 10,87% ou seja, que haverá aperto monetário nas reuniões deste segundo semestre.
"Dificilmente o IPCA-15 muda a trajetória de uma expectativa de alta da Selic, algo que poderia ter sido evitado caso a comunicação do BC tivesse sido mais clara e coerente ao longo das últimas semanas", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Agora, as atenções se voltam aos relatórios do mercado de trabalho Caged e Pnad Contínua, que serão divulgados na quinta-feira e sexta-feira, respectivamente. O último dia da semana também é o prazo final para envio do Projeto de Lei Orçamentário Anual de 2025 ao Congresso, depois dos ruídos fiscais diminuírem nos últimos meses.
Na cena corporativa, a definição do novo presidente da Vale parecia agradar os investidores. O conselho de administração da mineradora elegeu por unanimidade o vice-presidente financeiro da companhia, Gustavo Pimenta, 46, para substituir Eduardo Bartolomeo na presidência.
Com o anúncio, a Vale subia 2,25%, também amparada pelo avanço do minério de ferro na China. A força da mineradora contrabalançava queda de mais de 1% dos papéis da Petrobras, em linha com o petróleo no exterior, após forte disparada na véspera.
Na segunda-feira, o dólar ensaiou uma recuperação tímida, em alta de 0,16%, aos R$ 5,489, e a Bolsa renovou o recorde histórico mais uma vez com alta firme de 0,94%, aos 136.888 pontos.
Enquanto a forte alta de mais de 7% das ações da Petrobras fez o Ibovespa descolar do mercado internacional, o dólar refletiu uma maior cautela dos investidores diante da escalada de tensões no Oriente Médio e da expectativa pela magnitude do corte de juros nos Estados Unidos.
Em discurso no simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), afirmou que "chegou a hora" de reduzir os juros, confirmando as apostas de que o ciclo de afrouxamento provavelmente terá início na próxima reunião da autarquia, em setembro.
Agora, investidores aguardam a divulgação de uma nova bateria de dados econômicos para balizar as expectativas em torno da magnitude do corte. Na ferramenta CME FedWatch, 71,5% dos operadores enxergam probabilidade de uma redução de 0,25 ponto percentual, enquanto os 28,5% apostam no de maior intensidade, de 0,50 ponto.
A principal divulgação da semana acontece na sexta-feira com o relatório do índice PCE de julho, o indicador favorito de inflação do Fed. Na quinta, dados do PIB (Produto Interno Bruto) podem indicar a temperatura da economia americana.
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