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Dólar fecha abaixo de R$ 5,70 e Bolsa sobe em dia de recuperação global e ata do Copom

Por Folha de São Paulo

06/08/2024 18h00 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar fechou em queda firme de 1,40% nesta terça-feira (6), aos R$ 5,658, em movimento de correção global após a queda geral que marcou a sessão de segunda (5).

Já a Bolsa brasileira fechou em alta de 0,80%, aos 126.266 pontos. O pregão também foi embalada pelo tom mais duro da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada mais cedo nesta manhã, e pela valorização dos papéis de peso, como Petrobras, Itaú e Bradesco, em meio à temporada de balanços.

Os mercados globais engataram um movimento de recuperação nesta terça, depois de temores de uma recessão nos Estados Unidos tomarem conta dos investidores na véspera.

Bolsas derreteram com a fuga de investimentos considerados de risco, como é o caso de mercados acionários e emergentes. O principal índice do Japão, na segunda-feira, chegou a perder mais de 12%.

Porém, nesta terça, a Bolsa japonesa se recuperou e fechou em forte alta de 10,23%. A performance se refletiu em outros mercados asiáticos como o índice Kospi, da Coreia do Sul, que subiu 3,3% nesta terça. O índice de ações de Taiwan, que teve sua pior venda da história na segunda-feira, se recuperou e valorizou 3,38%.

O dia também foi positivo para Wall Street: Dow Jones avançou 0,76%, Nasdaq, 1,03%, e S&P 500, 1,04%. Na Europa, o índice STOXX 600 subiu 0,29%.

Os temores de contração da maior economia do mundo ganharam força na sexta-feira, após a divulgação de dados de mercado de trabalho vierem abaixo do esperado.

O "payroll" (folha de pagamento, em inglês) mostrou que os EUA criaram 114 mil vagas no mês passado, ante expectativa de 175 mil, e a taxa de desemprego cresceu para 4,3%, quando agentes financeiros esperavam manutenção em 4,1%.

Os novos dados acionaram a chamada Regra de Sahm, que vincula o início de uma recessão ao momento em que a média móvel de três meses da taxa de desemprego sobe pelo menos 0,5 ponto percentual acima da mínima de 12 meses. Em agosto do ano passado, o índice estava em 3,8%, o que coloca a taxa atual exatamente no gatilho.

O derretimento no Brasil, porém, foi contido pela disparada do Bradesco na Bolsa e por dados de atividade do setor de serviços dos EUA. Aqui, o dólar fechou em alta de 0,53%, aos R$ 5,739, e a Bolsa perdeu 0,46%, aos 125.269 pontos.

O PMI (índice de gerente de compras, na sigla em inglês) mostrou que o setor se recuperou mais do que o esperado para o mês de julho, a 51,4. A expectativa era de que o índice subiria para 51, após marcar 48,8 em junho, o nível mais baixo desde maio de 2020. Uma leitura acima de 50 indica crescimento da atividade.

Além disso, uma autoridade do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) ajudou a apaziguar os ânimos na véspera. Austan Gooslbee, presidente do Fed de Chicago, disse que, embora os dados de emprego tenham sido mais fracos do que o esperado, não parece haver uma recessão a caminho.

Operadores agora esperam que o banco central norte-americano faça um corte nos juros pela primeira vez em mais de dois anos, na reunião marcada para setembro. As apostas se dividem: 75,5% dos investidores esperam uma queda de 0,5 ponto percentual, enquanto os 24,5% restantes esperam 0,25, segundo a ferramenta CME FedWatch.

Na faixa atual de 5,25% e 5,50% desde julho de 2023, a taxa de referência é a mais alta em mais de duas décadas.

Na cena doméstica, o mercado também repercutia a ata do Copom, que reafirmou o compromisso com a convergência da inflação à meta e disse que não hesitará em subir a taxa Selic mais uma vez, caso necessário.

A ata, na visão da equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, transmite que o comitê está atento às perspectivas de inflação e pronto para subir os juros caso o câmbio continue deteriorado.

"Como acreditamos que o real se fortalecerá nas próximas semanas, à medida que os mercados globais se acalmarem, mantemos, por enquanto, a previsão de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano", afirmou a equipe em relatório a clientes.

"Se o câmbio não reagir, um ciclo de alta, começando em setembro, será inevitável."

Na visão do economista-chefe da Azimut Brasil WM, Gino Olivares, a ata reforçou a mensagem mais dura do comunicado que acompanhou a decisão do BC na semana passada e mostra um Copom coeso e comprometido com o objetivo de levar a inflação à meta.

"Num cenário que, por diversos fatores, está ficando cada vez mais incerto, agora temos uma incerteza a menos", pontuou.

No meio corporativo, o Ibovespa se beneficiou do avanço de papéis de peso.

Bradesco estendeu ganhos da véspera e fechou em forte alta de 3,42%, ainda embalado pela repercussão positiva do balanço trimestral. Itaú subiu 2,22%, antes de divulgar os dados do último trimestre.

Vale teve alta de 0,51%, apesar das perdas do minério de ferro no exterior. A Petrobras avançou, com investidores também na expectativa pelo balanço corporativo da petroleira, que será divulgado na quinta-feira depois do fechamento do mercado. Os papéis preferenciais subiram 1,74%; os ordinários, 2,09%.

Na ponta negativa, Vamos liderou com tombo de 10,03%, após o balanço trimestral frustrar expectativas de investidores.

A possibilidade de alta na Selic inclinou a curva de contratos futuros para cima -o que, no Ibovespa, costuma se traduzir em pressão para empresas mais sensíveis a juros. As varejistas Pão de Açúcar, Petz e Magazine Luiza caíram 7,17%, 5,09% e 2,08%, respectivamente.


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