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Dólar tem forte queda e Bolsa sobe com tarifas de Trump ainda sob os holofotes

Por Folha de São Paulo

17/04/2025 16h15 — em
Economia


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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar apresenta forte queda nesta quinta-feira (17), com investidores atentos às negociações envolvendo as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O republicano deu início, na véspera, às rodadas de conversa com autoridades das principais economias afetadas pelo tarifaço. Também é destaque a decisão de juros do BCE (Banco Central Europeu).

Às 16h08, a moeda caía 1,07%, cotada a R$ 5,802. Já a Bolsa tinha forte alta de 1,13%, a 129.771 pontos, embalada pelos papéis da Petrobras.

Estados Unidos e Japão sentaram à mesa, na quarta-feira, para discutir as tarifas norte-americanas impostas a produtos japoneses.

Tóquio enviou o ministro da Revitalização Econômica, Ryosei Akazawa, para dar início ao diálogo. Já Washington foi representada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, e pelo representante comercial Jamieson Greer.

Trump também participou das discussões. Segundo ele, houve "grande progresso" e o encontro "foi uma grande honra", sem fornecer mais detalhes sobre as negociações.

O Japão visa reduzir ou eliminar a tarifa "recíproca" imposta por Trump em 2 de abril, o apelidado "dia da libertação". A sobretaxa para o país asiático foi de 24%, embora essa cobrança, assim como a maioria das tarifas do republicano, tenha sido suspensa por 90 dias.

Entre as autoridades japonesas, a percepção é de que as discussões "não serão fáceis".

"Claro, o diálogo daqui para frente não será fácil, mas o presidente Trump expressou seu desejo de dar máxima prioridade às negociações com o Japão", disse o primeiro-ministro Shigeru Ishiba. "Reconhecemos que esta rodada de diálogo criou uma base para os próximos passos e apreciamos isso."

Ishiba reforçou que o país não tem pressa em chegar a um acordo e não planeja fazer grandes concessões. Ele ainda descartou, por enquanto, a possibilidade de contramedidas às tarifas dos EUA.

O governo japonês foi um dos primeiros a iniciar a rodada de negociações com o republicano, e um eventual acordo entre os dois países pode servir de modelo para os demais parceiros comerciais afetados pelo tarifaço.

"Isso anima os investidores e reduz um pouco a aversão ao risco ao pensar que pode haver uma solução para essa situação", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da Stonex.

A perspectiva favorece moedas emergentes, que são ativos de risco, e, ao mesmo tempo, fortalece o dólar em relação a outras moedas fortes, como o iene e o euro. Isso porque a perspectiva de acordos tarifários arrefece a desconfiança dos investidores ante investimentos nos EUA, baqueados nas últimas semanas diante do tarifaço.

O movimento medido pelo índice DXY, que compara a divisa norte-americana a uma cesta de outras seis pares. O índice, nesta quinta, apresenta alta de 0,22%, a 99,49. Números abaixo de 100 indicam desvalorização contínua do dólar.

As perdas dos ativos norte-americanos "são um movimento típico de perda de credibilidade, que países emergentes sofrem comumente, mas que é raro para os EUA", diz André Valério, economista sênior do Inter.

"Isso sugere que a atual incerteza causada pela política tarifária tem tornado os investidores globais receosos com a economia norte-americana, buscando maior liquidez e alternativas ao dólar."

O receio é que as tarifas afetem profundamente o comércio internacional pela diminuição de fluxos e encarecimento de produtos-chave nas cadeias de abastecimento. Isso poderia trazer um repique para a inflação global e levar algumas das principais economias do mundo, incluindo os Estados Unidos, a uma recessão.

O dólar também espelha a decisão do BCE, que relaxou a política monetária novamente e levou a taxa ao patamar de 2,25%. O aumento do diferencial de juros entre EUA e a União Europeia torna a moeda norte-americana mais atraente do que o euro em algumas operações.

O real, por outro lado, se sustenta no positivo por causa da valorização de mais de 3% do petróleo Brent no exterior. A disparada da commodity também favorece os papéis da Petrobras, com os preferenciais e os ordinários em alta de 2,44% e 2,81%, puxando o Ibovespa para cima.

"A valorização acentuada do petróleo reflete no Brasil, que é exportador de petróleo", diz Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.

As tensões entre EUA e China ainda estão no radar dos investidores. Nesta semana, a guerra comercial se estendeu para restrições a empresas com negócios relevantes nos dois países.

O governo Trump restringiu a venda de chips H20 da Nvida para a China, em meio a preocupações de que a tecnologia poderia ser "usada ou desviada para um supercomputador chinês". A empresa alertou que deve deixar de ganhar US$ 5,5 bilhões (R$ 33 bilhões) com a restrição, e as ações tombaram 6,8% na quarta.

O movimento segue uma notícia de que a China havia suspendido a compra de aeronaves da Boeing, ainda não confirmada por Pequim.

As restrições a empresas sucedem a escalada de tarifas protagonizada por ambas as economias. A China agora enfrenta tarifas de até 245%, e os Estados Unidos, de 125%.

Trump disse que espera fazer um acordo com a China nesta quinta, embora não tenha dado detalhes ou indicações de como as negociações serão iniciadas.

"Oh, nós vamos fazer um acordo", disse Trump na Casa Branca. "Acho que vamos fazer um acordo muito bom com a China".

Mais cedo nesta quinta, o Ministério do Comércio da China pediu aos Estados Unidos que parassem de exercer "pressão extrema" e exigiu respeito em qualquer negociação comercial, mas os dois lados permanecem em um impasse sobre quem deveria iniciar essas negociações.


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