Gestora Kinea leva Rota do Zebu, em MG, e consolida participação de fundos em leilões
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A gestora Kinea arrematou a Rota do Zebu (BR-262), que liga as cidades mineiras de Uberaba e Betim, depois de oferecer um desconto de 15,3% sobre a tarifa básica de pedágio, no leilão desta quinta-feira (31), na B3 (Bolsa de Valores). A administradora concorreu com o nome Rotas do Brasil.
A administradora participou do certame por meio de uma associação com a Way Brasil, grupo formado por construtoras e voltado, sobretudo, para o segmento de rodovias.
O BTG Pactual, único concorrente da gestora, propôs um deságio de 15,2% sobre a tarifa. O banco participou por meio do fundo de investimento "BTG Pactual Infraestrutura III".
A disputa foi decidida no viva-voz, quando os proponentes vão aumentando suas propostas até chegarem ao valor final.
Esta não é a primeira vez que o BTG se interessa por uma concessão de rodovia federal. Em setembro, no certame que leiloou a Rota dos Cristais (estrada entre Belo Horizonte e Cristalina, em Goiás), o banco também concorreu por meio do fundo de investimento.
No entanto, o desconto oferecido pelo banco, de 7,5%, não foi suficiente para cobrir a proposta de outros proponentes. Na ocasião, a francesa Vinci Highways levou a melhor e saiu vencedora.
Com quase 440 km de extensão e R$ 4,4 bilhões de investimentos previstos, o leilão da Rota do Zebu segue uma nova modelagem adotada pelo governo Lula, que dá a concessão ao proponente que oferece o maior desconto sobre a tarifa de pedágio.
Se o corte na tarifa proposto for maior do que 18%, a concessionária terá de fazer um depósito financeiro, que garante o cumprimento das obras previstas na concessão. O montante a ser depositado depende do tamanho do desconto oferecido.
O novo modelo tenta tornar os projetos mais sustentáveis financeiramente e atrair mais concorrentes.
O projeto leiloado nesta quinta é uma relicitação -devolução amigável do ativo para que um novo leilão seja feito pelo governo. A rodovia hoje pertence à concessionária Concebra, que, em 2020, protocolou um requerimento de adesão ao processo de relicitação.
O nome da rodovia (Rota do Zebu) faz referência ao gado zebuíno, de melhor qualidade, mantido por pecuaristas de Uberaba.
A cerimônia desta quinta se somou às participações e às vitórias de fundos de investimentos em leilões de rodovias federais e estaduais, cenário que tem se tornado cada vez mais frequente.
Na quarta-feira (30), por exemplo, o Pátria Investimentos, outra administradora, participou do leilão da Rota Sorocabana, concessão estadual que foi arrematada pela CCR. A gestora ofereceu R$ 1,09 bilhão pelas estradas, terceira maior oferta.
Por meio do consórcio Infraestrutura Brasil Holding XXI, o Grupo Pátria já havia levado, no ano passado, 473 km de rodovias no Paraná, ao oferecer um desconto de 18,25% na tarifa por quilômetro rodado. A outra única concorrente, a Infraestrutura PR, do Grupo Equipav, apresentou um desconto de 8,30%.
Em agosto deste ano, a chamada Rodovia da Morte (BR-381) foi arrematada pela administradora curitibana 4UM, que desbancou a outra única concorrente, a gestora Opportunity.
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