Compartilhe este texto

Gleisi defende alteração da meta fiscal e vê 'mudança módica'

Por Folha de São Paulo

16/04/2024 19h00 — em
Economia



BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), defendeu nesta terça-feira (16) a mudança na meta fiscal de 2025 e criticou o Banco Central pelo patamar dos juros básicos do país, que afetam a trajetória da dívida pública.

Em seu perfil no X, antigo Twitter, Gleisi chamou a alteração de "mudança módica" e rejeitou a avaliação de que o governo está adiando o ajuste fiscal. Ela fez menção à Folha.

"A @folha [perfil do jornal na rede social X] só pode estar de brincadeira ao dizer que o governo adiou ajuste fiscal porque fez uma mudança da meta para o ano que vem. Aliás, uma mudança módica", afirmou a presidente do PT.

"O governo vem se dedicando a ajustar as contas públicas desde a aprovação do novo regime fiscal. O crescimento das despesas primárias está limitado a uma proporção do crescimento das receitas, o que na prática garante que a dívida pública seja administrada. Logo, a imagem da iminência constante de drama fiscal, tão proveitosa para especuladores, é prejudicial ao país e não corresponde à realidade."

Reportagem da Folha de S.Paulo sobre o PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025, apresentado nesta segunda-feira (15), mostrou que o governo Lula propôs uma revisão na trajetória das contas públicas que, na prática, adia o ajuste fiscal para o próximo presidente da República.

A meta fiscal será zero para 2025, igual a este ano, com uma alta gradual até chegar a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2028.

Os números sinalizam uma flexibilização em relação à promessa feita no ano passado, na apresentação do novo arcabouço fiscal, de entregar um superávit de 0,5% do PIB no ano que vem e alcançar um resultado positivo de 1% do PIB já em 2026, último ano de mandato de Lula.

Antes, em editorial publicado no último fim de semana, o jornal afirmou que à custa de sua própria credibilidade, a gestão Lula patrocinou manobra para ampliar o limite de gastos do Orçamento em R$ 15,7 bilhões neste ano. A mudança —que só deveria ocorrer em maio, a depender da alta da arrecadação— foi incluída em um outro projeto e aprovada pela Câmara sem alarde.

Na publicação na rede X, Gleisi voltou a criticar a atuação do BC, responsável pela política monetária do país, e do seu presidente, Roberto Campos Neto.

"E Folha, fale do principal responsável pelo aumento da dívida: a taxa básica de juros, que Campos Neto mantém excepcionalmente elevada, uma das mais altas do mundo, apesar de o Brasil registrar inflação controlada. Essa conta absorve quase 7% do PIB do país e é ela que merece ser criticada, não a redução de 0,25% ou 0,50% na meta de resultado primário", afirmou.

O Copom (Comitê de Política Econômica), do BC, é composto por oito diretores e Campos Neto. Nas últimas reuniões, as decisões sobre o corte de juros foram unânimes. Entre os que apoiaram o ritmo de cortes estão quatro dirigentes indicados pelo governo Lula.

Mais tarde, em entrevista à GloboNews, a presidente voltou a criticar Campos Neto.

"Aliás acho que o presidente do Banco Central presta um desserviço ao país em um movimento especulativo contra o Brasil. Uma coisa muito ruim o que ele fez, as declarações que ele deu. Isso desencadeou uma especulação sobre o aumento de juros. Isso é contra o país", disse.

Gleisi também falou sobre as mudanças da meta fiscal.

"Várias vezes a meta fiscal foi alterada em outros governos, nos nossos governos. Altera em um ano, às vezes no próprio ano, e não há nenhum problema que isso traga desestabilização ou que isso mostre que não tem previsibilidade", disse.

*

Colaborou Victória Batalha, de São Paulo


Siga-nos no
O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

ASSUNTOS: Economia

+ Economia