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GWM confirma picape Poer no Brasil em 2025 e faz aceno ao agro com versão a diesel

Por Folha de São Paulo

25/04/2025 10h30 — em
Economia


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XANGAI, CHINA (FOLHAPRESS) - A GWM (Great Wall Motors) confirmou que vai lançar ainda neste ano no Brasil dois novos modelos: o Wey 07 —um SUV luxuoso de seis lugares— e a picape Poer, que terá versões híbrida plug-in (que pode ser carregada na tomada) e a diesel, equipada com motor 2.4 turbo.

A inclusão de um modelo 100% a combustão é uma novidade na estratégia local da marca e representa uma tentativa de atrair o público do agro. Desde que iniciou operações no país, há dois anos, a montadora chinesa vinha apostando apenas em veículos eletrificados.

A empresa não detalhou qual das versões será lançada primeiro, nem confirmou se ambas estarão disponíveis já em 2025. A expectativa, contudo, é que uma delas chegue ao mercado brasileiro no segundo semestre.

Em anúncio feito em Xangai, durante o Salão do Automóvel, a GWM buscou destacar que as duas picapes não são apenas variações de uma mesma Poer, mas produtos distintos. Os modelos diesel e híbrido plug-in terão diferenças de preços, atributos e até de design.

Com a oferta de um modelo diesel, a GWM se posiciona para concorrer diretamente com picapes tradicionais no mercado brasileiro, como a Toyota Hilux. A decisão também responde a uma demanda do campo, onde há preferência por veículos com maior autonomia e robustez, características típicas de modelos a diesel.

Segundo Ricardo Bastos, diretor de relações institucionais da GWM, a empresa lidera o segmento de picapes na China, onde responde por 50% das vendas, principalmente com versões a combustão. De acordo com o executivo, a decisão de trazer a Poer diesel ao Brasil leva em conta essa experiência e a necessidade de oferecer um portfólio mais adaptado à realidade local.

"Se eu já tenho uma picape a diesel [na China] e é essa demanda que há no Brasil, sendo uma empresa que tem diferentes tecnologias, eu posso oferecer isso ao cliente", afirmou.

Na avaliação de Bastos, a inclusão de um veículo 100% combustão no portfólio brasileiro não representa um "passo atrás" nem fere o posicionamento da companhia como uma "autotech". "Não adianta eu chegar e tentar colocar neste momento no campo uma picape plug-in, onde o 4x4 dela seja feito por sistemas elétricos, porque se perder a bateria ela perde o 4x4."

A estratégia mira em dois públicos distintos: o rural, com a Poer diesel, e o urbano, com a versão híbrida. Bastos destacou que a ideia de incluir o motor a combustão surgiu também de uma demanda das concessionárias, sobretudo das regiões Centro-Oeste.

Nos últimos anos, concorrentes que optaram por lançar apenas versões híbridas de picapes —caso da BYD com a Shark— não conseguiram deslanchar nas vendas.

"Quando olhamos o mercado brasileiro e o que os concorrentes também fizeram recentemente, vemos o que está acontecendo com eles, como está a receptividade no mercado", afirmou Bastos.

Além da Poer, a GWM confirmou também o lançamento do SUV Wey 07. Voltado ao segmento mais premium, o modelo possui três fileiras de dois assentos. O interior conta com duas telas: uma menor atrás do volante e uma central em formato horizontal que se estende até o assento do passageiro.

Com esses lançamentos, a GWM ampliará suas linhas de produtos no Brasil de três para cinco. Já operam no país Haval, Ora e Tank —que, fora do Brasil, são marcas independentes. Agora, Poer e Wey passam a integrar o portfólio nacional.

Bastos confirmou que a picape será fabricada na nova unidade da GWM em Iracemápolis (SP), cuja inauguração está prevista para junho deste ano. Inicialmente, no entanto, a operação começará com a produção dos modelos híbridos e híbridos plug-in da linha Haval H6. A picape deve entrar na linha de montagem em uma etapa posterior.

"A fábrica terá duas linhas: uma de Haval, que é linha base de plataforma, e uma segunda linha de chassi, que vai ser da picape", afirmou o diretor.

Segundo ele, a unidade de Iracemápolis está na fase final de construção, com obras voltadas à preparação da infraestrutura para lidar com baterias de alta voltagem. A planta terá capacidade de produção de até 50 mil veículos por ano. Inicialmente, a expectativa é de operar com cerca da metade disso —volume capaz de atender à demanda atual do Haval no Brasil.

Bastos afirmou ainda que a companhia já planeja fabricar no local um SUV de sete lugares derivado da linha da picape, mas não definiu qual modelo será escolhido. "Temos algumas opções, que podem ser da linha Haval ou Tank."

Outro ponto estratégico é a expansão do conteúdo local. No início, os veículos montados em Iracemápolis serão compostos por peças totalmente importadas da China.

A ideia da GWM, porém, é nacionalizar parte da produção para alcançar os índices mínimos de conteúdo local exigidos para exportações com isenção tarifária dentro do Mercosul.

"Com 35%, eu já consigo entrar [nesses países] sem pagar imposto de importação", afirmou Bastos. Com isso, a montadora projeta atingir volumes mais próximos da capacidade total da planta, o que ajudaria a diluir custos e aumentar a rentabilidade da operação brasileira.

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O repórter viajou a convite da GWM e Stellantis


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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