Indenizações pagas a afetados por enchentes no RS somam R$ 6 bilhões, diz CNseg
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As indenizações pagas aos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, somam R$ 6 bilhões até quarta-feira passada (4), estima a CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras).
Foram 57.638 sinistros ressarcidos no período. A maioria dos seguros acionados é residencial (29.831), seguido de automóvel (18.097), somando R$ 594 milhões e R$ 1,2 bilhão, respectivamente, informou a entidade nesta quinta-feira (12).
Apesar de a cifra estar entre as mais elevadas já pagas pelo setor por um evento climático, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, diz que se trata uma parcela ínfima dos prejuízos. A estimativa da entidade é que os prejuízos no estado, como um todo, vão chegar a R$ 100 bilhões, mas o pagamento de sinistros não deve crescer para além dos R$ 6 bilhões.
A cifra fica próxima do inicialmente projetado pelo setor, de R$ 7 bilhões.
Apesar de ser um estado agrícola, o seguros acionados pelo setor somam 1.358 indenizações, totalizando R$ 167 milhões.
A maior parte do impacto foi no segmento de grandes riscos, que engloba o aeroporto Salgado Filho e os estádios de futebol do Grêmio e do Internacional. Esses sinistros somaram R$ 3 bilhões, com 708 ocorrências.
Dado o impacto econômico da tragédia, a contratação de seguros no estado desacelerou, com a queda na demanda.
"As pessoas estão reconstruindo suas casas", disse Oliveira.
O crescimento do setor como um todo, incluindo todos os produtos de seguros, previdência Aberta, capitalização e saúde, também deve perder tração no próximo ano, estima a entidade. A expectativa de crescimento deste ano é de 11,6% e de 2025, de 10,1%.
A arrecadação deste ano deve ficar em R$ 747,3 bilhões, R$ 77,8 bilhões a mais do que o arrecadado em 2023.
A desaceleração acompanha o PIB (Produto Interno Bruto), explica Oliveira. A previsão da CNseg é que a economia brasileira cresça 3,43% este ano e 2,50% em 2025.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Um produto voltado exclusivamente ao atendimento dos efeitos das mudanças climáticas, defendido pelo setor, segue indefinido. O seguro social de catástrofe, proposto ao Congresso e ao governo permanece em negociação. A nova modalidade foi desenhada para funcionar como uma renda adicional às famílias prejudicadas por eventos extremos, como enchentes e deslizamentos.
Há resistência em relação a forma de cobrança do segurado. A sugestão foi que o chamado prêmio fosse cobrado na conta de luz. Como essa fatura já acumula muitas despesas, não foi bem recebida e novas alternativas estão em análise.
Segundo o presidente da CNseg, a agenda climática tem peso crescente no setor e faz parte das prioridades da entidade em 2025, com a criação de um hub de dados climáticos, que incluirá projeções.
O setor pretende ter participação de destaque na COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que vai ocorrer em Belém, em novembro do ano que vem. A CNseg se organiza para manter uma estrutura de 1,6 mil m², onde vai receber representantes do setor no mundo, batizada de Casa do Seguro.
Além de discutir como mitigar desastres climáticos, a proposta é que o local funcione como ponto de seminários e reuniões para tratar de modalidades de seguros e investimentos de longo prazo para o desenvolvimento de produtos, como frota de veículos de baixa emissão, e a chamada indústria verde.
Segundo Oliveira, o setor no Brasil pode ter participação ativa também na indústria financeira voltada a projetos de mitigação das mudanças climáticas. A CNseg já sugeriu ao Ministério da Fazenda que faça no Brasil uma emissão de green bonds (títulos verdes) similar as realizadas nos exterior. Há interesse das seguradoras locais.
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