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Indicado como novo CEO da Sabesp é novato no setor de saneamento

Por Folha de São Paulo

26/08/2024 12h30 — em
Economia



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O atual presidente do conselho da Equatorial, Carlos Piani, será indicado como novo CEO da Sabesp. A mudança na gestão da companhia de saneamento deve acontecer nas próximas semanas, marcando a transição do comando após a privatização.

A informação foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", e confirmada pela Folha com pessoas familiarizadas com o processo.

A indicação de Piani ainda precisa ser validada pelo conselho de administração da Sabesp. No entanto, apesar de não ter experiência no setor de saneamento, o nome do executivo agrada o mercado e a avaliação é a de que ele deve ser aprovado sem resistências.

A eleição do novo conselho também deve acontecer nos próximos dias, após convocação da assembleia geral dos acionistas -que deve ocorrer nesta segunda (26).

Esse processo de transição estava em compasso de espera devido aos prazos exigidos pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

No início de agosto, o órgão aprovou a compra da fatia de 15% da Sabesp pela Equatorial, mas as companhias só poderiam interagir oficialmente após o fim do prazo para recursos e contestações, que acabou na última sexta-feira (23).

Pelas regras aprovadas na privatização, o governo de São Paulo -que tinha 50,3% da Sabesp e ficou com 18%- deve se abster de indicar o CEO, podendo apenas participar da votação por meio de seus representantes no conselho.

A nomeação fica a cargo da Equatorial, que se tornou acionista de referência -uma espécie de sócio estratégico do governo na Sabesp- após ser a única empresa interessada na privatização.

Especialistas e investidores consultados pela Folha fizeram boa avaliação do nome de Carlos Piani como CEO da Sabesp.

O executivo, que tem 51 anos e hoje é presidente do conselho da Equatorial, teve passagens pela Kraft Heinz, Vinci Partners e Banco Pactual. Ele também integra os conselhos de Ambipar e Hapvida.

Formado em administração de empresas pelo Ibmec do Rio de Janeiro, Piani foi CEO da Equatorial entre 2004 e 2010.

Uma pessoa familiarizada com o processo de privatização disse que o nome dele já estava decidido desde o momento que a Equatorial oficializou sua entrada na Sabesp, acrescentando que Piani tem perfil executivo, gosta de ação e estava cansado de ficar só no conselho.

Pelo currículo do novo CEO, contudo, não consta experiência no setor de saneamento. Especialistas não veem nisso um ponto fraco e dizem que há poucas pessoas com esse atributo no mercado. O segmento, até poucos anos atrás, era dominado por grupos estatais e, por isso, não "formou" muitos executivos.

Além disso, a percepção é de que a Sabesp tem um corpo técnico muito capacitado, com bons engenheiros e profissionais. Piani traria sua ampla experiência em regulação, gestão de pessoas e cultura, além de "oxigenar" a companhia.

A própria Equatorial é considerada uma novata na área. A companhia atua majoritariamente no segmento de distribuição de energia, sendo o terceiro maior grupo do setor no Brasil em número de clientes. A empresa também tem atividades nas áreas de transmissão, comercialização, energias renováveis, saneamento e telecomunicações.

A entrada no saneamento ocorreu em 2021, quando venceu o leilão para concessão da Companhia de Saneamento do Amapá.

Apesar da pouca experiência no setor, a Equatorial tem boa avaliação entre investidores e foi considerada a "favorita do mercado" quando nomes de potenciais sócios de referência começaram a ser ventilados. A percepção é de que o grupo tem governança sólida, é habilidoso em aumentar a eficiência de suas operações e consegue captar recursos com menor custo.

O objetivo da Equatorial é usar a Sabesp como veículo exclusivo de crescimento no setor. Em apresentação divulgada a investidores no começo de julho, a companhia deu pistas sobre possíveis estratégias de sua gestão.

Entre os direcionamentos para um futuro plano de eficiência, a apresentação cita redefinir a relação com sindicatos, otimizar benefícios e políticas de remuneração e implementar a "cultura de dono", com alinhamento de incentivos por performance.

No documento, a Equatorial também menciona, como formas de otimizar custos operacionais, programas de demissão voluntária, reestruturação de times e estabelecimento de uma cultura voltada a resultados.

RAIO-X DA EQUATORIAL

Fundação: 2004

Lucro líquido no 1º trimestre de 2024: R$ 384 milhões

Valor de mercado: R$ 38 bilhões

Funcionários: 11.124

Municípios atendidos: 1.046

População atendida: 14,1 milhões

Composição acionária: Opportunity (6,3%), Atmos (5,5%), Capital World Investors (5,2%), Squadra Investimentos (5,0%), Canada Pension Plan (5,0%) e BlackRock (5,0%); Outros (67,9%); Tesouraria (0,1%)


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