Interesses no setor de energia no Brasil, maior encomenda da história da Embraer e o que importa no mercado
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os interesses em disputa no setor de energia no Brasil, Embraer recebe maior encomenda de jatos executivos da sua história e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (6).

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**ENERGIA NO BRASIL, UM TABULEIRO DE XADREZ**
Essa história começa com uma distribuidora, a Amazonas Energia, que leva energia elétrica a 62 municípios do estado da região Norte do Brasil.
Ela foi privatizada e vendida para um grupo que não deu conta do recado, e acabou entrando em muitas dívidas. Para piorar, os furtos na estrutura somam 120%.
Esse é o negócio atraente em que entrou a Âmbar Energia, empresa que é parte da J&F Investimentos, de propriedade de dois dos investidores mais famosos do país. Se pensou em Joesley e Wesley Batista, acertou.
UM SINTOMA...
Em junho de 2024, a J&F propôs a compra de térmicas no estado que geram a energia distribuída pela Amazonas. De quebra, manifestou interesse em assumir a concessão da AE.
Dias depois, o governo publicou uma medida provisória que mudava os contratos daquelas térmicas: um dos principais gastos delas, o custo do gás, foi transferido para a conta de luz dos consumidores (virou energia de reserva, em termos formais).
Isso beneficia os dois lados da operação, que, nos planos da J&F, seriam de sua propriedade. A produção da energia das térmicas fica mais barata, o que alivia os custos da distribuição.
↳ O Ministério de Minas e Energia afirmou em repetidas ocasiões que o anúncio do negócio e da MP em datas próximas foi o resultado de uma coincidência.
A situação gerou um imbróglio que ainda corre na Justiça entre, Amazonas Energia, Termogás, irmãos Batista, Aneel e mais gente. Você pode acompanhar os desdobramentos na Folha.
... DE UM PROBLEMA MAIOR
Alguns agentes do setor da energia ficaram incomodados com o que interpretaram como um favorecimento da J&F frente à concorrência, uma vez que não foram avisados que o negócio ficaria mais rentável antes do anúncio da compra.
Vamos às outras peças do tabuleiro:
- André Esteves (BTG Pactual): o banco do qual ele é sócio detém 48,5% da operação da Eneva, uma das maiores produtoras de gás e energia termelétrica do país.
- Carlos Suarez (Termogás): a empresa distribui e transporta em gasodutos o gás para as térmicas. Tem participações em distribuidoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Está no jogo há muito tempo, mais do que boa parte dos adversários.
- Rubens Ometto (Cosan): atua na comercialização de gás, regaseificação no Porto de Santos e tem participações em distribuidoras no país.
- Família Botelho (Nova Gipar Holding): atua com a Energisa na distribuição de gás.
Todos têm interesses diferentes, e ao mesmo tempo parecidos o suficiente para gerar conflitos.
O maior deles: aproveitar o que pode ser uma das últimas janelas de investimento em gás natural. A corrida do setor privado se dá em um cenário de transição energética para fontes mais sustentáveis e redução da participação do Estado na área.
CONSEQUÊNCIAS
Isso gera, claro, muito lobby, defesa de interesses e troca de influências nos bastidores da política.
Especialistas apontam que a defesa exagerada de projetos individuais comprometem a sustentabilidade do planejamento energético de longo prazo no país.
No futuro, a energia pode acabar menos eficiente e mais cara devido à dessincronização dos projetos.
No meio disso, a Aneel que devia estar regulando a briga. A agência, cuja função é dar um parecer técnico sobre o que é melhor para o fornecimento de energia do país, se vê pressionada de todos os lados. Enquanto tenta defender seus próprios interesses, claro.
Esse é um resumo e uma apresentação das peças do xadrez da energia no Brasil. Estamos falando só do gás e das termelétricas ainda tem mais alguns setores para destrinchar.
As disputas foram explicadas pelos repórteres Alexa Salomão e Nicola Pamplona em reportagem da Folha que você pode ler aqui.
**O MAIOR VOO DA EMBRAER (ATÉ AGORA)**
A Embraer recebeu da norte-americana Flexjet o maior pedido de jatos executivos da história da fabricante brasileira de aeronaves, avaliado em até US$ 7 bilhões (R$ 40,5 bilhões).
Foram encomendados 182 aviões de 30 tipos, incluindo os modelos Praetor 600, Praetor 500 e Phenom 300 E alguns dos mais sofisticados da empresa.
QUEM?
A Flexjet é uma empresa que vende jatinhos particulares em um modelo chamado propriedade fracionada. Nele, o cliente compra uma cota de uma aeronave, em vez de pagar o preço inteiro de uma.
Para usá-la, ele agenda com antecedência a prioridade é de quem tem mais cotas. Se estiver indisponível, ele pode agendar outra de modelo equivalente.
A taxa fixa que ele paga ajuda a custear manutenção, tribulação, seguro, entre outras operações.
A companhia é cliente da Embraer desde 2003 e já recebeu mais de 150 aviões da fabricante.
SEM DATA
Por enquanto, a brasileira não deu detalhes sobre quando a encomenda será incorporada à carteira e ao cronograma de entregas.
Mas escreveu que a frota da Flexjet quase dobrará de tamanho nos próximos cinco anos.
Colecionando. Na semana passada, a fabricante de aviões já havia anunciado um outro acordo de exportação de aeronaves para os EUA, que contou com um financiamento de R$ 2,1 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Desde 1997, segundo o BNDES, cerca de US$ 26 bilhões foram financiados para a exportação de 1.300 aeronaves produzidas pela brasileira.
📈 O mercado comemorou o negócio. As ações da Embraer tiveram a maior alta da bolsa brasileira ontem subiram 15,51%, custando R$ 66,37 cada.
**DO VINHO AO VINAGRE**
Em dezembro, Nissan e Honda começaram a discutir uma fusão que poderia chegar a US$ 58 bilhões (R$ 335,8 bilhões) até 2026.
Na verdadE para a Nissan a coisa parecia uma fusão. Para a Honda, o negócio era visto como uma aquisição, segundo o que disseram fontes a par do assunto ao jornal britânico Financial Times.
A torta de climão foi servida logo no início da tentativa de acordo, com as companhias discordando sobre a proporção acionária e a avaliação dos seus ativos (fator que o mercado costuma chamar de valuation).
Foi para o vinagre de vez depois de uma proposta súbita da Honda para transformar a Nissan em uma subsidiária integral.
Com isso, a Honda deteria 100% das ações da Nissan e ela seria integrada à operação da outra. Inicialmente, a ideia era que as participações seriam divididas proporcionalmente e as duas seriam controladas por uma holding.
A oferta chegou em tom de pegar ou largar, o que surpreendeu o conselho administrativo da Nissan, dizem as fontes.
Os acionistas interpretaram a atitude como uma tentativa da Honda de sair das negociações.
TERCEIRO PARTICIPANTE
A francesa Renault tem uma parceria antiga com a Nissan, e detém uma participação de 36% na montadora japonesa. Ela pediu uma compensação financeira maior pelo negócio, uma vez que perderá sua influência nas decisões.
A europeia já vinha se desfazendo de sua participação.
NO PAREDÃO
Uma das principais motivações para a fusão é a situação difícil em que se encontra a Nissan. O desempenho financeiro fraco fez com que seu valor de mercado caísse para um quinto do valor da Honda.
Em um cenário tão desigual nas mediações, é difícil que a balança não pendesse para um dos lados.
No começo de novembro, a montadora informou que cortaria 9 mil empregos e 20% de sua capacidade global de fabricação. O esforço reduziria os custos em US$ 2,6 bilhões (R$ 15 bilhões).
O combinado é que a fusão com a Honda só avança se a Nissan conseguir melhorar as contas.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
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Banco do Brasil deverá devolver R$ 20,6 milhões a clientes por cobranças indevida. A Instituição relata que apontamentos em acordo firmado com BC 'já foram devidamente solucionados'.

ASSUNTOS: Economia