Ministério propõe elevar mistura de etanol na gasolina a 30% após aval em testes
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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Ministério de Minas e Energia vai propor a elevação da mistura de etanol anidro na gasolina dos atuais 27% para 30%, após testes bem-sucedidos com o novo combustível. A medida ainda precisa ser aprovada pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), formado por 17 ministros do governo.

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O anúncio foi feito pelo ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) nesta segunda-feira (17). Ele disse que o E30, como está sendo chamado o novo combustível, vai dispensar a compra de gasolina do exterior.
"Com o E30 nos tornaremos em definitivo independentes da importação de gasolina. Esse é um ganho incalculável para a soberania nacional", disse.
De acordo com o ministro, a proposta será levada ao CNPE ainda neste ano. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a medida pode estabelecer um aumento gradual ou elevar a mistura diretamente para 30%.
Silveira afirmou ainda que a iniciativa vai gerar aumento na demanda e nos investimentos no setor de etanol, com 25 mil empregos diretos e indiretos e R$ 9 bilhões em aportes, e que o consumidor verá o valor baixar. "Com o E30, o preço da gasolina na bomba vai cair. Isso é redução da inflação", disse.
"Vamos deixar de necessitar de importar 760 milhões de litros de gasolina e vamos, ao contrário, ter condição de exportar, porque com 1,5 milhão de litros de etanol produzidos, vamos ter gasolina sobrando para exportação. Nós vamos poder reduzir o preço da bomba do combustível, o que é fundamental para a nossa economia nacional", complementou.
Os testes para elevar a mistura do etanol à gasolina a 30% foram feitos pelo Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul (no estado de São Paulo). O protocolo de testes foi construído em conjunto com entidades do setor automotivo e de biocombustíveis, como Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
A avaliação durou no total 11 semanas, incluindo a etapa de análises, e contou com testes de partida a frio, aceleração a frio, aceleração a quente, retomada de velocidade em lombada, medições de emissões e outras provas.
Foram usados 16 veículos e 13 motocicletas. Em alguns deles (de modelo não identificado pelo ministério), foi notada diferença de desempenho com o uso do combustível -mas que não foi considerada relevante.
A proposta de elevação é anunciada após aval dado pela lei do Combustível do Futuro, como ficou conhecida, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro de 2024. Ela estabeleceu que o governo pode elevar a mistura de etanol à gasolina para até 35%, desde que haja viabilidade técnica para os veículos.
Silveira aproveitou o evento para criticar políticos brasileiros que defendem o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, de acordo com o ministro, "está tentando exigir a redução das nossas tarifas de importação de etanol".
"Pergunto-me onde estão aqueles que aplaudiram e se ajoelharam para o presidente dos Estados Unidos. Que usaram o boné Maga [Make America Great Again], reverenciando o crescimento da América do Norte, e esqueceram do seu compromisso político com o nosso país", disse, citando também as tarifas aplicadas pelo americano contra a importação de aço (o que afeta o Brasil). "Nosso governo trabalha pelo Brasil. Não para puxar o saco de ninguém", disse.
Após o evento, Silveira falou também sobre a exploração de petróleo na chamada margem equatorial. O ministro disse que já pediu duas vezes uma reunião com o presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Rodrigo Agostinho, para tratar do assunto. O órgão ambiental ainda não concedeu a licença para a Petrobras perfurar uma área no Amapá considerada chave para conhecer o potencial na região.
"Inusitadamente estou aguardando, mas com muita paciência, muita humildade, porque eu tenho certeza que o presidente Agostinho não vai se furtar a servir o Brasil e vai conceder a licença para que soberanamente o Brasil possa decidir sobre a exploração dos seus potenciais de forma adequada e sustentável", afirmou Silveira.

ASSUNTOS: Economia