Odebrecht e Andrade Gutierrez planejam retomar expansão dez anos após Lava Jato.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Odebrecht e Andrade Gutierrez planejam retomar expansão dez anos após Lava Jato, Grupo Boticário e Natura&Co. brigam pela liderança no mercado de beleza, Santander dá tchau para quatro de seus principais executivos, Apple quer que você possa dobrar seu iPad (literalmente) e outras notícias do mercado para começar esta segunda-feira (16).
*VOLTANDO DAS CINZAS*
Odebrecht e Andrade Gutierrez querem reconquistar o território que perderam depois da Lava-Jato.
Segundo fontes ouvidas pela Folha de S.Paulo, as construtoras avaliam oportunidades futuras em concessões.
Pano de fundo. Há oportunidades surgindo para assumir grandes obras públicas no Brasil. O investimento em infraestrutura está em alta.
Alguns exemplos são a reforma do aeroporto de Congonhas, a construção da mega ponte que vai ligar Salvador à ilha de Itaparica, na Bahia, e as rodovias.
35% é o aumento do investimento da iniciativa privada em obras de infraestrutura nos últimos 10 anos, segundo a Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base).
O modelo de concessões é um pouco diferente da execução de obras públicas. Nele, as empresas administram um bem do estado por um período determinado (em geral, 20 ou 30 anos). Fica responsável por investir no local e, em troca, fica com as receitas geradas.
↳ 2025 promete ser um ano animado no setor. O Ministério dos Transportes sinaliza leiloar ao menos 15 concessões de rodovias no ano que vem.
Olhando para frente. A Odebrecht está se reestruturando e com oportunidades no mercado brasileiro no radar. Também procura negócios em países vizinhos.
A Andrade Gutierrez, por sua vez, quer aumentar sua fatia no mercado de energia com a Evolua, de geração distribuída. Também avalia oportunidades futuras em concessões, mas afirma não ter nada concreto em vista.
Tentando esquecer o passado. As duas empresas foram investigada pela Operação Lava-Jato pelo pagamento de propinas e desvios de verba na concessão de obras públicas.
O Grupo Odebrecht foi alvo da maior delação premiada da Lava-Jato. A companhia, batizada com o sobrenome da família fundadora, pagou cerca de R$ 1 bilhão em propinas a políticos entre 2004 e 2014.
Marcelo Odebrecht, ex-CEO, foi preso e entregou aliados nos desvios. Foi demitido da empresa em 2019, depois de desentendimentos com a família.
Desde então, as companhias do grupo mudaram de nome, tirando a alcunha dos fundadores.
Ele passou pelo maior processo de recuperação judicial no Brasil em 2019, depois de enfrentar dificuldades financeiras com as implicações da investigação na Lava-Jato.
As dívidas totais somavam R$ 98,5 bilhões.
A Andrade Gutierrez foi mais uma das empreiteiras investigadas pela Lava-Jato.
Em delação premiada à PGR (Procuradoria-Geral da República), executivos da empresa revelam que as construtoras responsáveis pela obra da Usina Hidrelétrica de Belo Monte combinaram o pagamento de uma propina de R$ 150 milhões, por exemplo.
*GUERRA DOS PERFUMES*
O Grupo Boticário faturou R$ 37 bilhões e afirma ter desbancado a Natura em perfumes. A concorrente nega a ultrapassagem.
Projeto Afrodite é o nome do esboço do avanço da empresa nos próximos anos. Suas fábricas estão trabalhando em capacidade máxima e ela investe R$ 4,2 bilhões em expansão.
Cinco linhas da perfumaria faturam sozinhas R$ 1 bilhão por ano cada: Malbec, Lily, Egeo, Florata e Cuide-se bem.
↳ O grupo é dono de 14 negócios diferentes. O Boticário é o mais famoso, mas também estão na lista Eudora, Quem Disse Berenice?, Australian Gold (licenciada), Vult e Truss Professional.
↳ Especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo destacam que o conglomerado está investindo em peso no crescimento. Comprou várias marcas nos últimos anos, sendo a última a Dr. Jones, de autocuidado masculino, em 2022.
Do outro lado do ringue a Natura&Co. Com a compra da Avon, The Body Shop e Aesop tinha ambições de crescimento global.
↳ As mesmas fontes do tópico anterior sublinham o recuo da empresa no plano de expansão. Vendeu as duas últimas marcas citadas para focar na operação da América Latina.
A receita bruta da companhia no continente somou R$ 27,2 bilhões em 2023 (queda de 6,6% em relação ao ano anterior).
Problemas no paraíso. A Avon pediu recuperação judicial nos Estados Unidos em agosto deste ano para o financiamento de dívidas preexistentes.
Isso prejudicou o desempenho das ações da holding brasileira na bolsa. Em relatório, o Santander afirma que um dos maiores riscos para o grupo é o aumento da concorrência em mercados chave, como o Brasil.
A Natura&Co adquiriu a Avon em 2020.
↳ A RJ só diz respeito às operações da marca nos EUA.
*¡ADÍOS!*
Depois do Itaú, é a vez do Santander dar adeus a alguns de seus principais executivos.
O banco demitiu e substituiu quatro diretores na última semana. Segundo a instituição, a troca estava decidida e acordada com os atingidos há meses parte do plano de sucessão.
Cara crachá. Os diretores e seus substitutos são:
Adriana Almeida, ex-diretora de transações internacionais, dá lugar a Livia Calixto, que está há 17 anos na empresa;
Denis Ferro Jr assume a diretoria de seguros, antes exercida por Murilo Setti Riedel;
Gustavo Santos é o novo diretor de cartões e pagamentos digitais, cargo previamente ocupado por Rogério Panca;
Sandro Gamba sai da diretoria de negócios imobiliários e entra Paulo Duailibi.
Casos diferentes. Enquanto no Santander houve programação para a despedida, a substituição no Itaú aconteceu devido à descoberta do uso indevido do cartão corporativo por parte de Eduardo Tracanella, então diretor de marketing.
A demissão surpreendeu ele foi um dos nomes que tocou a campanha de celebração dos cem anos do banco. O evento levou Madonna a Copacabana e Fernanda Montenegro ao Ibirapuera.
Em seu lugar, entrou uma ex-executiva do Santander, Juliana Cury.
Mudanças. Com o avanço dos bancos digitais, como o Nubank, e as campanhas agressivas de consolidação de imagem do Itaú, o Santander se vê em um momento em que precisa inovar. Novos nomes na praça o colocam neste caminho.
🩻 Raio-X. No terceiro trimestre do ano, encerrado em setembro, o Santander lucrou R$ 3,7 bilhões.
17% é o ROAE apresentado no balanço. É uma medida que mostra o quanto uma empresa rende, em média, sobre o seu patrimônio.
↳ O mercado entende um ROAE como positivo a partir de cerca de 15%.
68,3 milhões é o número de clientes;
55 mil é a quantidade de funcionários;
1.292 é a quantidade de agências;
*IPAD QUE DOBRA*
É a novidade prometida para o próximo aparelho da Apple um computador semelhante ao iPad com uma tela capaz de dobrar ao meio sem avarias.
Ainda, repensa a AirTag, seu mouse e os Apple Watches.
📱1, 2, 3 iPads. O novo produto seria uma espécie de tablet gigante, que se desdobra no tamanho de dois iPad Pros lado a lado.
A ideia é ter um novo lançamento em 2028.
↳ A diferença dele para os produtos dobráveis disponíveis no mercado hoje seria a ausência de vinco na tela no local onde dobra. O objetivo é que a tela fique completamente lisa, ainda que passe muito tempo na posição dobrada.
↳ O público-alvo é quem precisa das maiores telas possíveis: designers, gamers, desenvolvedores de softwares, etc. Quem usa o iPad profissionalmente e deseja praticidade associada a telas gigantes.
Hoje, o maior iPad da Apple tem 13 polegadas.
Criatividade acabando. A novidade, que não é tão nova assim a Samsung fabrica celulares com telas dobráveis há cinco anos, evidencia a necessidade de buscar inovação depois de ter consolidado formatos nos aparelhos que lançou.
Por enquanto, é difícil superar os designs atuais na computação. Os usuários estão bem adaptados a smartphones, laptops e tablets.
↳ O caminho que a Apple vislumbra é criar o maior número de variantes que beneficiem usos específicos, atraindo uma gama ampla de clientes.
Ela nunca fundiu o iPad e o Mac, por exemplo, porque deseja que o consumidor tenha ambos, para usá-los em tarefas diferentes e exclusivas para determinado aparelho.
🥽Em outra realidade. O desejo da empresa de tecnologia é que os usuários estejam mais adaptados ao uso do óculos de realidade virtual, o Vision Pro, e os dispositivos possam interagir entre si.
O uso do óculos e da realidade virtual aumentada ainda não pegou. Ao menos, não da forma que a Apple sonha.
Mais um desafio para o time de marketing da maçã.
*O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER*
CONGRESSO
Bancada do Nordeste lidera resistência no Congresso às mudanças do BPC com pacote fiscal. Governistas não se mobilizaram para explicar as alterações de regras aos deputados.
LIVROS
'Dinheiro não é um fim', afirma Jorge Gerdau em autobiografia. Empresário que colocou siderurgia brasileira no mundo faz analogia com surfe para sugerir que a vida econômica vai além da busca pelo lucro.
Mercado imobiliário
Gafisa mira mercado de alto luxo, com imóveis de mais de R$ 10 milhões, em 2025. Empresa pretende zerar estoques de produtos médios para se concentrar em carteira no 'luxo absoluto'.
PARAGUAI
Como o Paraguai conseguiu grau de investimento antes do Brasil. País aposta em controle da inflação e estabilidade, cresce acima da América Latina, mas ainda tem desafio de incluir e fortalecer instituições.
ASSUNTOS: Economia