Produção da indústria perde ritmo e recua pelo 2º mês consecutivo no Brasil
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A produção industrial reduziu seu ritmo na reta final de 2024 e recuou em novembro pelo segundo mês consecutivo no Brasil. É o que indicam dados divulgados nesta quarta (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na comparação com outubro, a produção industrial teve baixa de 0,6%. É a pior variação para novembro, em relação ao mês imediatamente anterior, desde 2019, no pré-pandemia, quando a queda havia sido de 2,3%.
A baixa de 0,6% foi ligeiramente maior do que a esperada por economistas. A projeção era de recuo de 0,5%, segundo pesquisa da agência Reuters.
"Há claramente uma perda de intensidade no ritmo", disse André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE. A produção industrial havia diminuído 0,2% em outubro.
Macedo mencionou que o indicador mostra um patamar superior ao do final de 2023, mas avaliou que os dados mais recentes acendem um "sinal amarelo importante".
POSSÍVEL IMPACTO DOS JUROS
De acordo com o pesquisador, um dos fatores que podem explicar o recuo de 0,6% é a perda de confiança no setor devido ao aumento da taxa de juros no Brasil.
O BC (Banco Central) retomou o ciclo de alta da Selic em setembro. A medida tende a dificultar o consumo e os investimentos produtivos em uma tentativa de frear a inflação.
"Não imagino que já tenha efeito direto sobre o funcionamento da economia, o aumento da taxa de juros começou em setembro, mas isso gera diminuição das expectativas", afirmou.
O IBGE apontou recuos em 19 dos 25 ramos industriais pesquisados em novembro. As atividades de maior influência negativa foram veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,5%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,5%).
Segundo Macedo, outra questão que pode explicar a baixa da indústria em novembro é o avanço dos preços dos alimentos. A fabricação de produtos alimentícios caiu 1,2%.
O pesquisador ainda disse que a pressão do dólar mais alto gera reflexos nos custos das fábricas e que a produção do setor para datas como a Black Friday parece ter ficado mais concentrada nos meses de agosto e setembro.
ALTA DE 1,7% ANTE NOVEMBRO DE 2023
Na comparação com novembro de 2023, a indústria brasileira seguiu no azul. O aumento da produção foi de 1,7%.
Trata-se do sexto mês seguido de expansão nesse recorte. A expectativa de analistas era de alta de 1,8%, conforme a Reuters.
No ano, a produção industrial acumulou crescimento de 3,2% até novembro. Em 12 meses, o avanço foi de 3%.
AVALIAÇÃO DE ECONOMISTAS
André Valério, economista sênior do banco Inter, afirma que o indicador "dá sinais de perda de dinamismo" na leitura mensal, mas diz que o ano de 2024 será robusto, com um crescimento próximo de 3%.
"A perspectiva para 2025 não é tão positiva, com o setor tendendo a sofrer com o aperto monetário e a piora das condições financeiras observadas nos últimos meses", aponta.
"Por outro lado, a desvalorização do câmbio pode ser um alívio para o setor, tornando as exportações industriais mais atrativas."
O economista Heliezer Jacob, do C6 Bank, também afirma que, apesar da retração em novembro, a produção industrial deve fechar 2024 com desempenho robusto.
"Em 2024, o setor industrial, ao lado dos serviços, contribuiu positivamente para o PIB, que deve ter registrado uma sólida expansão de 3,5%, de acordo com a nossa projeção", diz Jacob.
"Para 2025, estimamos uma desaceleração do crescimento da atividade econômica para 2%, explicada principalmente por nossa perspectiva de retração na produção industrial do país", acrescenta.
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