Trump ameaça impor tarifa adicional de 50% à China se país não suspender retaliação até esta terça (8)
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PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (7) que vai impor uma tarifa adicional de 50% sobre a China se Pequim não retirar suas tarifas retaliatórias sobre os Estados Unidos.

Acesso à Justiça cada vez mais limitado
Na semana passada, Trump anunciou que os produtos chineses seriam atingidos com uma tarifa de 34% a partir de quarta-feira (9), além dos 20% que ele já havia imposto no início deste ano, elevando o total para 54%. O governo chinês, então, anunciou uma retaliação, válida a partir de quinta-feira (10), com taxação de 34% sobre as importações americanas.
"Além disso, todas as negociações com a China referentes às reuniões solicitadas por eles serão encerradas! As negociações com outros países, que também solicitaram reuniões, começarão a ocorrer imediatamente", disse Trump em postagem na sua rede social Truth Social.
Horas depois da ameaça nas redes sociais, durante entrevista na Casa Branca, o presidente reafirmou que, se o país não ceder até esta terça (8), as tarifas aumentarão a partir de quarta (9). No entanto, o tom em relação a possíveis negociações foi mais moderado, e não foram descartadas conversas com as autoridades chinesas.
Durante a entrevista na Casa Branca, Trump disse que "não está considerando pausar as tarifas" e que elas poderão ser permanentes, mas afirmou estar aberto a negociações. Segundo ele, já houve "um progresso tremendo" nas conversas com outros países.
Um dos países no caminho para negociar um acordo seria o Japão. Trump disse que conversou com o primeiro-ministro japonês e que o país vai enviar uma equipe aos EUA para tratar do tema. No X, o secretário do Tesouro Scott Bessent publicou que foi escolhido por Trump para liderar as conversas com o país asiático.
Bessent disse que "a China optou por se isolar ao retaliar e insistir em comportamentos negativos" e afirmou estar ansioso para encontrar com os japoneses para discutir barreiras comerciais e outros temas. "Aprecio a iniciativa do governo japonês e sua abordagem ponderada neste processo", afirmou.
Investidores estão atentos para a possibilidade de acordos bilaterais entre Washington e países afetados. Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, afirmou que os EUA foram procurados por mais de 50 nações interessadas em negociar, mas que "após décadas e décadas" de supostas injustiças com os americanos, seria difícil convencer Trump a assinar um acordo.
Algumas propostas já foram divulgadas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou nesta segunda que o bloco ofereceu zerar as tarifas de importação de bens industriais americanos em troca de os EUA fazerem o mesmo em relação a produtos europeus.
Ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que esteve em Washington nesta segunda, Trump também afirmou estar negociando um um acordo comercial totalmente novo com Israel. Netanyahu, por sua vez, prometeu "eliminar o déficit comercial" e as "barreiras comerciais impostas desnecessariamente".
A nova leva de ameaças de Trump contra os chineses ocorre durante um dia de pânico nos mercados, que apresentam alta volatilidade em todo o mundo nesta segunda. A movimentação das ações nos EUA e na Europa ocorre na sequência de quedas acentuadas nos mercados asiáticos. O índice Hang Seng de Hong Kong liderou os declínios, com recuo de 13,22%, maior queda desde 1997, durante a crise financeira asiática.
Os índices de referência da China, CSI300 e SSEC, despencaram 7,05% e 7,34%, respectivamente, após ficarem fechados na sexta-feira (4) devido a feriado nacional. Já a Bolsa do Japão chegou a ter suas negociações paralisadas por dez minutos após abrir em queda de 8,4% e terminou com perda de 8,8%.
Na sexta, os mercados já haviam fechado a semana com grandes perdas em resposta às tarifas globais anunciadas por Trump e também às retaliações chinesas. A administração Trump impôs à China 34% em taxas adicionais na semana passada, além das tarifas de 20% que já havia imposto. Em resposta, a China aumentou as tarifas sobre produtos dos EUA em mais 34%, embora tenha segurado algumas medidas para possíveis negociações.

ASSUNTOS: Economia