ASSASSINO E DUBLÊ
O que surpreende no assassinato do sargento José Cláudio Marques é o fato de o criminoso pular da moto atirando, debruçar-se sobre o corpo da vítima e levar uma sacola, supostamente cheia de dinheiro. Foi uma cena semelhante as protagonizadas pelos dublês de filmes de ação. Mas há outras surpresas, não menos lamentáveis, como por exemplo a presença de um militar, que deveria estar nas ruas, prestando serviço à comunidade, atuando como segurança da esposa de um deputado, candidato ao governo. Um claro desvio de função, no mínimo autorizado (informalmente) pela Casa Militar da Assembleia Legislativa.
O Policial está morto e lamenta-se profundamente a perda de uma vida, mas a sociedade, que se queixa, com razão, da violência, paga uma conta muito alta por um número expressivo de militares a serviço de autoridades, mulheres de autoridades, filhos de autoridades, como se essa gente estivesse na condição de cidadãos especiais. Não estão.
O pior é que agora surge uma versão que não bate com a realidade: a de que o policial era apenas amigo da familia e que estava ali por acaso, na companhia da esposa do deputado. A prevalecer essa versão, perde a familia alguns beneficios que poderia ter, no caso de morte do militar em serviço. No final, prejudica-se o mais fraco. É como se o militar moresse duas vezes e ainda tivesse a ficha manchada por quem estimula ou consente esse tipo privilégio que não é concedido ao cidadão comum.
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