Elissandro Spohr, um dos donos da boate Kiss, concedeu uma entrevista a Gugu Liberato e falou sobre a tragédia em Santa Maria (RS) que matou 242 pessoas em janeiro de 2013.

Apesar da boate ter outros donos, Spohr foi o mais exposto com a tragédia. Kiko, como é conhecido, era famoso na cidade e vivia bem, mas tudo isso mudou após o incêndio. Ele conta que leva a vida vendendo pneus usados para reciclagem e que teve que deixar a cidade por receber ameaças de morte.

"Eu era o cara. Tinha todos os amigos, todas as amigas. Eu tinha uma banda, tocava em todas os lugares, tinha uma boate que estava funcionando bem, tinha um carro bom. Minha família estava bem, eu morava bem, eu estava bem. Mas isso acabou”.

“Não sou mais feliz. Não sou assassino e não quis que isso acontecesse. Minha maior culpa foi ter certeza que lá era seguro. Minha intenção era entretenimento, alegria e não morte”, disse ele, que teme pela filha de quase três anos: “Tenho medo da minha filha não ter uma vida normal”.

Kiko, que ficou preso por quatro meses, disse ainda que tentou tirar a própria vida. "Pra mim já tinha acabado a vida. Não consigo fazer planos, é peso demais para qualquer pessoa. Até hoje penso: 'Chega, estou cansado!’”.

Sobre as famílias das vítimas, que até hoje clamam por justiça, Kiko afirma que eles merecem respeito. "Não tenho mágoa de ninguém, raiva de ninguém. Tento não falar nada pra não falar besteira. Eles têm o direito de tudo. Muitos deles eram meus amigos. Também perdi amigos, bons funcionários, pessoas que gostava. Mas não tenho o que falar pois nada vai amenizar a dor deles”.