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Chegamos ao apocalipse?


Por Flávio Lauria

09/09/2024 18h40 — em
Espaço Crítico



Prever com exatidão em que tempo o apocalipse vai acontecer é impossível. As profecias, apesar de precisas, são, contudo, imprevisíveis. Perdido nestas reflexões, ontem a noite concluí que o tempo do apocalipse chegou, e isto porque: O mundo está em fogo, a fumaça atinge todo o Brasil, nos outros países não é diferente, Manaus é uma cidade feita de fumaça, e conforme o INPE, o maior número de focos de incêndio, estão no Pará, Mato Grosso, e Amazônia, fora isso, Mães abandonam recém-nascidos e filhos exterminam pais. Governantes enganam o povo; e o povo desmoraliza os governantes. Jovens criminosos são protegidos por leis, enquanto as vítimas são tratadas como criminosas. Funcionários pagam, a tempo certo e antecipadamente pela aposentadoria, mas ao se aposentarem têm que pagá-la até morrer. 

Seres eram feitos individualmente, pelo amor; agora, em série e pela tecnologia. Políticos submetiam-se às doutrinas dos Partidos; hoje, cada político faz a doutrina de seu Partido particular. Valores morais primavam na sociedade, hoje, a primazia é dos valores econômicos. A educação era nacionalista e visava a ética, a moral, o patriotismo, a liberdade; hoje, até a educação é globalizada e subordinada aos ditames do FMI. A saúde, direito existencial, era confiada aos médicos de família; hoje, o povo morre nos umbrais das Casas de Saúde, lotadas de médicos. Problemas eram discutidos e solucionados em diálogos serenos, nas salas de visitas; hoje, o direito ao diálogo se transforma em problemas. Músicas exaltavam o amor, o carinho, a afeição, a saudade, enquanto hoje falam de tapas, bundas e bundinhas. A porta da rua, a praia, a avenida e a pracinha eram lugares de lazer; hoje são locais de violência, agressões e marginalidade. A justiça era invocada e ou avocada com respeito, e acatadíssimas eram suas decisões; hoje, rasgam-se lhe as sentenças em frontal desrespeito ao direito nelas proclamado. 

Dirigentes e funcionários respeitavam o inviolável e sagrado dinheiro público; hoje, transitam, manipulam e dispendem esse dinheiro como coisa própria. A dignidade do homem estava no seu trabalho; agora, sem o trabalho não há que se falar em dignidade para muitos. No Grupo Escolar, prevalecia o orgulho de ensinar, o amor ao aluno e do aluno; hoje, muitas Escolas são apenas restaurantes da pobreza, instituições complementares do salário mínimo e os lugares onde se gasta brincando de fazer educação. Paletó não era funcionário público; hoje, paletó é funcionário e o governo o paga seis vezes mais do que a um professor público. O lavrador humilde recebia do patrão as garantias do teto e do alimento; agora, assistimos impassíveis à luta desigual dos sem teto, sem emprego, sem comida, disputando humildemente as calçadas e os lixões. 

A prática da corrupção, desvio de verbas, vencimentos nababescos para quem não trabalha, semana de trabalho reduzida a apenas três dias de atividades, pagamento de aluguel para proprietários de casas principescas, em outros tempos, levava ao repúdio da sociedade e à prisão; hoje, é prática usual e, ainda que condenada, pouco se faz para extirpá-la. A Pátria, por seus grandes heróis, pugnava pela justiça social, nacionalismo, defesa de ideais coletivos, soberania; hoje, a sociedade aceita a deplorável inversão de direitos e valores, lamuriando apenas, sem a garra daqueles que deram a vida pela transformação da iniquidade em justiça e coragem; da impunidade à exemplar punição; da corrupção em honestidade; da escravidão em liberdade e soberania. Espero só que o povo tenha o discernimento para fazer melhor uso do sagrado direito do voto, mas, se isto de todo não for possível, que o leve à não opção porque pior do que está não há nenhum santo no céu que aguente.

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