Compartilhe este texto

Confrontos eleitorais


Por Flávio Lauria

02/06/2024 8h58 — em
Espaço Crítico



Quanto mais se aproximam as eleições, sejam as municipais e estaduais, mais próximas, ou as presidenciais, os confrontos políticos vão se evidenciando mais fortes. 
Todos os grupos em disputa pelo poder sabem que precisarão de uma vitória ampla, que permita aos vencedores manterem nas mãos o comando da ação, o privilégio de mando.

No regime em que vivemos, os defeitos inerentes a um processo eleitoral excessivamente liberal no que se refere à formação e definição de partidos, à filiação ou desligamento, em seus quadros, dos seus integrantes, a negociatas grosseiras permitindo alianças e acordos vergonhosos às vésperas de cada pleito, à indevida interferência dos poderes constituídos nas eleições, através da utilização considerada criminosa, contudo, autorizada, com base em engenhosos artifícios, de recursos públicos usados em favor de determinados candidatos, à permissão da reeleição para os mesmos cargos, dos que estão agora a exercê-los, sem a necessidade, antes existente, de deles se afastarem, tudo isto torna esse nosso sistema democrático bastante vulnerável às duras críticas dos que desejam viver numa verdadeira democracia.

Os confrontos entre os chamados partidos talvez, no entanto, sejam mais fáceis de ser contornados que os surgidos entre as várias facções que os compõem, envolvendo pessoas que se enfrentam somente em defesa dos seus próprios interesses, desde que para elas a legenda representa apenas uma oportuna e eventual cobertura, uma roupagem qualquer, sob a qual provisoriamente se abriguem uma nova, por vezes, em cada eleição.

E aproveitando-se dessa situação, hábeis lideranças políticas tratam de aguçar a cobiça dos menos escrupulosos, prometendo-lhes grandes vantagens em troca de uma fidelidade a ser assumida para com eles próprios, mantendo, assim, a longa tradição brasileira do coronelismo, do também chamado caciquismo, na prática política do país.

Existem, pois, sem que se possa negar, donos de partidos ou de coligações de partidos; com seus dirigentes nacionais ou regionais comprometidos não com programas ou diretivas conceituais partidários, mas, de modo essencial, com políticos, que bem podem ser chamados caciques, ou recordando velhas nomenclaturas – coronéis ou caudilhos. De todos os confrontos surgidos nos últimos dias, um deles – o que, por sinal, envolve políticos mais influentes – assume um caráter singular, desde que os nele envolvidos negam, peremptoriamente, estejam a confrontar-se.

Trata-se, no caso aqui em Manaus, das posições opostas assumidas pelo Prefeito David Almeida e o governador Wilson Lima, no que se refere a revoada de políticos na busca de agremiações partidárias que lhes dêem conforto na eleição. E apesar de discordarem sobre este assunto, nem um nem outro admitem que estejam empenhados na disputa.

E encontram palavras inteligentes para afirmar que o confronto anunciado não é bem confronto – com todo o respeito, são apenas divergências que poderão ser eliminadas, havendo concessões dos dois lados. Parece, então, que está a desejar – para o bem do povo e a felicidade geral do amazonense – uma espécie de empate técnico, como costumam hoje dizer os profissionais das pesquisas de opinião. Pois não será conveniente, para um ou outro, ou para todos, no momento, qualquer derrota ou suspeita de vitória de algum deles – deverão eles manter-se, aos olhos da população, que de longe lhes acompanha os passos, como dois vencedores, ao menos por ainda um ano, quando certas circunstâncias poderão colocá-los, definitivamente, em lados opostos, sobrea arena do circo de Roma. Por enquanto, somente serão permitidos o duelo de palavras, as alfinetadas recíprocas. 
Do cenário de luta,, somente um, no entanto, com certeza, deverá sair trazendo sobre a testa o símbolo do triunfo, e aqui ouso dizer que se o Alberto Neto se unir a Roberto Cidade, ai embola o segundo turno, e Amon, David ou Cidade, podem ficar fora do segundo turno.
Confrontos ou não que sejam as divergências ora evidenciadas, é bom que aconteçam, para o fortalecimento e manutenção da frágil democracia em que vive o povo brasileiro, enquanto espera pelo combate à vera a ser travado, já apostando no provável vencedor.

Siga-nos no
Os artigos, fotos, vídeos, tabelas e outros materiais publicados nesta coluna não refletem necessariamente o pensamento do Portal do Holanda, sendo de total responsabilidade do(s) autor(es) as informações, juízos de valor e conceitos divulgados.

ASSUNTOS: Espaço Crítico