Império da mentira
Caros leitores, vivemos num país de mentiras onde uns fingem que governam, outros mentem quando dizem que não são fisiológicos, outros vivem o dia da mentira em seus negócios, no seu trabalho, passando sempre uma imagem quando a situação é completamente diferente. Nosso país começou sobre a égide da mentira, com a proclamação da independência por um português e não por um brasileiro. Brasília é o símbolo de um país de mentira.
Os construtores de Brasília, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, eram inspirados numa corrente de arquitetura internacional, liderada por um belga, que acreditava que um projeto seria capaz de mudar a sociedade. Um exemplo disto era a máscara que tanto o Oscar quanto o Lúcio propunham ao Brasil: um país que tenha Brasília como capital nunca vai ser uma ditadura, e vejam 1964. Tudo, mas tudo mesmo na vida humana de hoje está impregnado de mentira. Regimes políticos e profissões, religiões e ciências, artes e literatura, crenças esotéricas e filosofias multifacetadas, nada pôde permanecer livre dela.
Vivemos sob o império da mentira. É como se toda a Terra tivesse sido envolta por um único e denso lodaçal repugnante, que fez submergir sem resistência toda a raça humana juntamente com suas obras de que tanto se orgulha, impedindo qualquer um de chegar à tona por mais que se esforce, e muito menos ainda de voltar a ver com clareza e respirar ar puro. Mentem entre si diuturnamente pais e filhos, professores e alunos, patrões e empregados, governantes e governados. A mentira é o esteio da vida moderna, a base dos relacionamentos familiares, profissionais e públicos. Muitos dos mentirosos patológicos, não ficam contentes apenas em dizer mentiras. Eles vão um pouco mais além. Transformam suas vidas numa mentira. Em algumas situações, o indivíduo adota uma identidade completamente diferente daquela que realmente possui.
Estamos vivenciando neste momento um ex presidente que de tanto mentir que é honesto, acredita piamente que é, quando se sabe que foi um dos piores presidentes que já tivemos, negacionista e fazendo de suas bazófias, as mentiras mais deslavadas de nosso país. A mentira é como um arquétipo que baixa em todo canto. Imita-se aquilo que se é. Ao invés da verdade a sua versão. Em todos os escaninhos do cotidiano.
Talvez o povo queira isso: esse show de mentiras. Esse espetáculo com canastrões em tudo que é canto. Inclusive, e principalmente, na política. Talvez goste de Artur Lira, com seu ar de autoridade, seu jeito de autoridade, sua cara de gente de respeito anunciando os aumentos dos deputados - imitando ele próprio. Talvez o povo queira Lula porque ele imita um estadista, um cara de respeito, um sujeito que quando abre a boca só sai coisas que o povo entende - imita um Lula que não existe. Mais importante que o fato é a imagem.
A fome por celebridades – verdadeiras ou forjadas – é tanta que por qualquer coisa as pessoas ficam famosas. É só ver o caso de programas como Big Brother. Quando confinar um monte de gente numa casa e ficar filmando a vida deles vira notícia, a ponto de o canal de TV conseguir vender o programa para assinantes que querem acompanhar aquilo por 24 horas, é porque tem algo muito errado com os espectadores, ou seja, o gosto pela mentira. E o pior é que se você não vê o Big Brother e não acompanha a novela da Globo, acaba sem assunto nas reuniões sociais. Fica por fora. Esqueçam, este artigo é uma mentira.
ASSUNTOS: Espaço Crítico